“Estamos voltando por onde tudo começou no nosso Estado, Corumbá, a cidade mais histórica e cultural de MS” diz Delcídio
Jota Menon
Corumbaense, filho de uma família que chegou a Corumbá nos primórdios do século XX, Delcídio do Amaral Gomez tem um currículo de fazer inveja a muitos doutores. Em sua apresentação de vida constam passagens pela direção de megaempresas, como a Petrobrás, a Eletrobrás e a Shell, exercício de dois mandatos de senador da República, sendo reeleito em 2010 como o mais votado da história de Mato Grosso do Sul, além de ter sido o primeiro sul-mato-grossense a ocupar o cargo de ministro de estado.
Ministro de Minas e Energia no governo de Itamar Franco, Delcídio do Amaral esteve na manhã desta quarta-feira, 21, na sede do Grupo Impacto Mais de Comunicação, onde foi recepcionado e entrevistado pelo jornalista Eli no programa “Bronca do Eli”, na Rádio Diamante FM, com retransmissão simultânea pelas demais rádios que integram o pool de emissoras do Grupo Impacto Mais.
Depois de se tornar o mais festejado senador da história de Mato Grosso do Sul, Delcídio acabou preso sob acusação de obstrução da justiça e foi temporariamente abandonado por antigos aliados que se valeram de seu prestígio junto ao Governo Federal, enquanto senador e ministro, para conseguir benefícios ao Estado e aos municípios, mas que lhe viraram as costas.
Agora, na condição de presidente regional do Partido Renovação Democrática (PRD), fruto da fusão do PTB com o Patriotas, Delcídio volta ao cenário político como pré-candidato a prefeito de Corumbá, sendo apontado como franco favorito na eleição de outubro vindouro.
“Estamos voltando por onde tudo começou no nosso Estado, que é Corumbá, a cidade mais histórica e mais cultural de Mato Grosso do Sul. Município de maior integração com as nações sul-americanas, Corumbá é uma cidade emblemática que tem um potencial gigantesco sob o ponto de vista de meio ambiente e sustentabilidade”, afirma Delcídio do Amaral.
O ex-senador espera que Corumbá passe por um boom desenvolvimentista a partir dos próximos anos. “Temos a recuperação da ferrovia, o fortalecimento do transporte hidroviário, a mineração, a metalurgia, o gás natural da Bolívia com geração de energia a gás, um projeto que era muito esperado por todos nós pantaneiros” diz Delcídio acrescentando que, a todos esses fatores positivos, se junta a concreta integração com a Bolívia e o Paraguai com o estabelecimento da tão sonhada saída para o Pacífico.
Sob esta visão, Delcídio entende que Corumbá precisa de um político que seja um bom gestor. “Quero mudar Corumbá” afirma o pré-candidato do PRB que fez questão de registrar que foi preso por obstrução de justiça. “Não fui preso por corrupção. Mas, os mesmos que tentaram me ‘lascar’ estão com a justiça fungando no cangote deles 24 horas por dia” desabafa.
“Sou de família que se estabeleceu na região do Jacadigo, próximo de Forte Coimbra, família que chegou no município no início do século passado” diz o ex-senador que tem orgulho de sua folha de serviços prestados ao país e a Mato Grosso do Sul.
“Passei por grandes empresas como a Eletrobras, a Petrobras e fui ministro de Minas e Energia, no honrado governo do saudoso presidente Itamar Franco. Fui presidente do Conselho da Valle e executivo da Shell. Morei na Holanda, andei pelo mundo. Aprendi muitos idiomas e posso dizer que sou um cidadão do mundo”.
Delcídio estreou na política em 2002 se elegendo senador e, em 2010, já aclamado como “Senador de Todos”, fez uma votação histórica, cerca de 828 mil votos para sua reeleição. “A senadora Tereza Cristina fez uma votação parecida no ano passado, mas em um colégio eleitoral bem maior que o de 2010” registra.
Ele se destacou pela forma democrática com que tratou a distribuição de recursos para os municípios, sendo que em seus dois mandatos (o segundo interrompido por uma cassação já declarada ilegal e injusta pelo Judiciário) Delcídio destinou cifras bilionárias aos 79 municípios de Mato Grosso do Sul. “Em números atuais, são mais de 2 bilhões de reais destinados aos municípios de MS através de emendas e de celebração de convênios com o Governo Federal” pontua.
“Por isso me chamavam Senador do Povo: porque destinei recursos aos 79 municípios do Estado, não olhando cor partidária e nem cobrando antecipadamente apoio político para o futuro” complementa.
CORUMBÁ – Voltando a falar sobre Corumbá, Delcídio lamenta o estado de abandono em que se encontra a cidade. “O Centro de Convenções Miguel Gomez, nome dado em homenagem ao meu pai –, recebeu uma emenda de 19 milhões de reais, mas encontra-se completamente ao Deus dará”.
Delcídio diz que quando era senador destinou ao longo de seus mandatos mais de 250 milhões reais para obras e serviços em Corumbá.
Apesar de todos os investimentos, o município, ao invés de crescer, registrou uma queda no número de habitantes.
Diante dessa realidade, Delcídio, como pré-candidato a prefeito, diz que pretende administrar o município para que Corumbá se torne uma cidade do futuro, integrada com demais países da América do Sul e em especial “com uma sinergia com a Bolívia, nossa vizinha”.
Corumbá, segundo ele, dispõe dos quatro modais que precisam ser aprimorados para que haja o crescimento não só em território corumbaense, mas em toda a região. “Precisamos desenvolver a logística fluvial, explorando o Rio Paraguai” comenta ao lembrar que a Valle transportava o minério de ferro sete meses por ano pelo rio, depois parava.
As mudanças que estão acontecendo, Delcídio acredita que permitirão a navegabilidade pelo Rio Paraguai. “O minério de ferro está sendo transportado de caminhão. É um absurdo o tanto de caminhão que está passando pela rodovia que está sendo usada em sistema pare e siga” afirma.
Delcídio diz que em pleno século 21 já aventaram a possibilidade de retornar a balsa para transportar o minério de ferro. “Uma aberração. Um atraso. Retrocesso” diz.
O pré-candidato diz que Corumbá tem um potencial turístico imensurável. “Histórico, contemplativo, pesqueiro, cultural, religioso, o potencial turístico de Corumbá é imensurável” cita para arrematar dizendo que “Corumbá pode ser um exemplo aos olhos do mundo”.
Até mesmo o futebol estadual foi abordado por Delcídio durante a entrevista. “Exportamos jogadores para todo o Brasil, mas não montamos bons times. Vejam lá o vizinho Estado de Mato Grosso com equipes em todas as divisões e o time do Cuiabá fazendo história, disputando a Copa Sul-americana” relata para defender uma parceria com a iniciativa privada pra fomentar as equipes de futebol locais.
OUÇA A ENTREVISTA – Durante o bate-papo na manhã de hoje (21/02) com o radialista Eli Sousa, Delcídio do Amaral, muito descontraído, ainda falou de sua visita ao município durante o Carnaval, quando foi aclamado pelo povo corumbaense; suas andanças pela cidade e a decepção com o estado de abandono em que se encontram ruas e bens públicos de um modo geral.
Sobre apoio à sua pré-candidatura Delcídio comentou que “o avião do lado de lá está lotado”, mas a classe mais humilde ficou pra trás.
“Com o advento do PRD, um partido novo, muita gente está nos procurando. Em todos os municípios do Estado. Quando abrir a janela, nos meses de março e abril, vocês vão se surpreender com os bons nomes que virão pro PRD para discutir propostas. Gente que não tem espaço do outro lado. São pessoas que leem a política diferente e que virão ao PRD, onde serão abraçados e farão a diferença” concluiu.
Assista a íntegra do programa “Bronca do Eli” e da entrevista com Delcídio do Amaral no vídeo abaixo.