Prefeitura não cumpre Lei de Responsabilidade Fiscal, denuncia Beto Pereira
Pré-candidato a prefeito, Beto Pereira comenta momento difícil vivido pela Prefeitura da Capital e projeta o que precisa ser feito no futuro para resgatar autoestima dos campo-grandenses
Deputado Federal Beto Pereira durante entrevista com o radialista Eli Sousa _ Júnior Ferreira
“A Prefeitura de Campo Grande não está cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal. E, por descumprir este diploma legal, gastando mais do que é permitido pela lei, além de estar com o nome inscrito no Cadin nacional, que é o cadastro dos municípios inadimplentes, Campo Grande não pode assinar convênios com a União e nem mesmo com o Governo do Estado.” A afirmação é do deputado federal Beto Pereira, pré-candidato a prefeito de Campo Grande pelo PSDB, e foi dada durante entrevista na manhã desta sexta-feira, 2, ao programa “Bronca do Eli”, com transmissão pela Rádio Segredo FM, de Campo Grande, e retransmissão ao vivo pelas seis demais emissoras que compõem o sistema de rádio do Grupo Impacto Mais de Comunicação.
Com a Prefeitura inadimplente, as coisas não acontecem e desamina seus cidadãos, diz ele. “O que faz com que os moradores de uma cidade tenham a sua autoestima devolvida é justamente enxergarem que a administração pública, se não faz muito, pelo menos não atrapalha a vida dos seus cidadãos” pontuou.
O parlamentar diz observar que falta em Campo Grande um ambiente que dê às pessoas a possibilidade de enxergarem oportunidades. Porém, “o que se observa é que a Capital do Estado perdeu a sua capacidade de investimento. É um clima de parar e pensar há quanto tempo não existe um investimento sequer na cidade” frisou.
O deputado citou o problema da pavimentação que é um assunto sério. “Não é tapa-buraco. É casquinha de ovo colocada num dia e que no outro está aberto”. Para ele, é imperioso investir em pavimentação com infraestrutura, argumenta.
E faz um questionamento: “A letargia na administração municipal é tamanha que tem coisas que a gente não pode nem discutir mais, porque a população já está cansada. O sentimento é de tanta angústia, que fica complicado você abordar os problemas dos bairros da Capital”.
Beto Pereira registra a existência de um elefante branco no Cabreúva, bairro do centro da cidade, a “velha nova rodoviária”, empreendimento que consumiu dezenas de milhões de reais e que se encontra inacabado e parado desde antes do final do milênio e do século passado.
“Há quanto tempo se arrasta a história da obra que foi concebida para ser a nova rodoviária de Campo Grande?” pergunta o parlamentar. Ele lembra que a conclusão daquela obra é tema de discussão desde as primeiras eleições desse século. “Eu vi inúmeras campanhas políticas com abordagem do assunto e inúmeras destinações já deram ao monstrengo inacabado” resumiu.
EDUCAÇÃO/ECONOMIA – Entrando na área da educação e dos diretos sagrados dos cidadãos, Beto Pereira aborda o problema da falta de vagas nas creches de Campo Grande. “Hoje nós temos quase 10.000 crianças esperando uma vaga nas Emeis, onde é possível iniciar o processo de alfabetização” registra.
Para o deputado, ao contrário dos municípios do interior, Campo Grande não tem capacidade financeira para dar contrapartida aos convênios assinados com o Estado e com o Governo Federal. “Hoje, a administração municipal campo-grandense entrega os seus convênios para o Estado administrar porque é incapaz de fazer e de dar contrapartida naquilo que os integrantes da bancada federal viabilizam em Brasília”. Para ele é de salutar importância que o próximo prefeito diminua o tamanho da máquina pública e recupere a capacidade de investir.
Hoje, segundo dados obtidos pelo deputado, 57% de tudo que se arrecada no município é gasto com pessoal, além da existência de uma “folha secreta” que não é possível saber qual o seu percentual de comprometimento dos recursos arrecadados em Campo Grande. Diante dessa realidade, o cidadão campo-grandense não consegue vislumbrar esperança de melhores dias; é preciso resgatar expectativas de otimismo.
Ex-prefeito de Terenos por oito anos e ex-presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), também por dois mandatos, Beto Pereira conhece os caminhos das pedras e explica o caso de Campo Grande de uma forma objetiva. “Como não consegue obter certidões, o município de Campo Grande tem de abrir mão de gerir os recursos obtidos tanto no Estado quanto na esfera federal, ou seja, o Estado, como um pai que cuida dos filhos, é quem está administrando os recursos dos convênios firmados pela Prefeitura da Capital”.
Essa triste realidade não reflete a realidade de anos passados, quando Campo Grande tinha a maior capacidade de investimentos entre as 79 prefeituras existentes no Estado. Ao abordar essa realidade ele cita que pela lógica não deveria faltar dinheiro para investimentos, uma vez que a arrecadação anual da Cidade de Morena está batendo na casa dos 6 bilhões.
“Para quem já administrou um município pequeno isso não é pouco recurso” diz o ex-prefeito terenense para dar como exemplo sua administração na cidade quase irmã de Campo Grande. Lá, com poucos recursos, ele conseguiu implementar políticas públicas. Em Terenos, havia proporcionalmente os mesmos problemas de Campo Grande. Pessoas que precisavam trabalhar e que não tinham onde deixar seus filhos em segurança e nem mesmo salas para que todos começassem a iniciação alfabética na idade determinada pelo MEC.
“Nós nos viramos, construímos as creches e Emeis e hoje ninguém fica na fila para uma vaga em Terenos. Agora, com essa abundância de recursos que nós temos, ver Campo Grande caída é muito triste” diz.
POLÍTICA – Beto, ainda muito jovem, montou sua primeira empresa em Campo Grande. Com 16 anos, emancipado, abriu a primeira conta no Banco do Brasil Júnior, agência da Avenida Afonso Pena, com a Rua 13 de Maio. Indo e voltando todos os dias ao Colégio Dom Bosco, que fica na Avenida Mato Grosso, Beto Pereira acompanhou o crescimento da cidade.
“Posso dizer que Campo Grande foi uma das grandes inspirações para o exercício da vida pública” frisou Pereira acrescentando que números e indicadores de Campo Grande balizaram não só a sua gestão em Terenos, mas diversas outras gestões em todo o Estado. São os números e indicadores de passado não tão distante que devem nortear as ações do próximo gestor campo-grandense, cargo ao qual tem trabalhado na condição de pré-candidato.
Questionado por ouvintes sobre a aproximação com o MDB, que andou meio separado do PSDB, depois de serem parceiros em várias eleições, Beto diz que ainda é tempo de discutir parcerias para a eleição de outubro de 2026. “Hoje nós estamos vivendo um período de construção, de elaboração. Existe ainda uma avenida longa a ser percorrida. O que temos hoje são pré-candidaturas trabalhando para se concretizarem então como candidaturas oficializadas pelos diretórios partidários” enfatiza.
Ele disse que vai tocando o barco de forma muito democrática, escutando a todos. “O que eu posso dizer é que essa questão de conversas com o MDB tem sido algo natural. São os deputados estaduais com os quais convivi quando de meu mandato na Alems. Desde essa época já havia uma aproximação. É amizade, um bom relacionamento que se manteve, após me eleger deputado federal”. Beto Pereira foi prefeito de Terenos eleito pelo MDB. “Então, acho que o tal casamento entre os partidos tem que ser algo que surja com naturalidade e é o que tem acontecido.
Beto diz que mantém um bom relacionamento com as lideranças de seu antigo partido. O seu pai, Valter Pereira, militou toda sua vida política no MDB, depois PMDB e que voltou a ser MDB de novo. Valter Pereira foi vereador, deputado estadual, deputado federal e senador da República com uma extensa folha de serviços prestados ao Estado do Mato Grosso uno e ao Mato Grosso do Sul. Tudo isso representa experiência que Beto Pereira pretende usar em uma possível administração da cidade de Campo Grande. “Se o PSDB referendar meu nome como candidato e o povo me eleger, sinto que estou preparado e com muita vontade de fazer o melhor pela nossa Cidade Morena” vaticinou.
NOTA DO EDITOR – Na segunda-feira, 5, traremos a segunda parte da entrevista concedida ao radialista Eli Sousa pelo deputado federal e pré-candidato do PSDB à Prefeitura de Campo Grande, Beto Pereira.
GRUPO IMPACTO MAIS – Além da Rádio Segredo FM, de Campo Grande, integram o Grupo Impacto Mais de Comunicação as rádios Diamante FM, de Corguinho, Moriá FM, de Bandeirantes, Vale FM, de Presidente Epitácio (SP), Portal FM, de Bataguassu, Nativa FM, de Miranda, Bora FM, de Boraceia (SP) e Líder FM, de Bauru (SP).