24 de novembro de 2024

Álbum “Pacíficas”: Músicos do MS homenageiam o maior compositor da música caipira

Alex Fraga

“Pacíficas”. Esse é o álbum que o músico, cantor, compositor e professor da UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,  Paulo Robson de Souza, mais conhecido como Paulinho Robson lançou recentemente e já está em todas as plataformas sociais. O trabalho musical tem as participações especiais dos músicos Béko Santanegra e Eduardo Ramirez e é uma homenagem a um dos maiores compositores da música caipira sertaneja brasileira: João Pacífico que faleceu em 1998 deixando mais de 600 canções das quais foram gravadas por artistas de renome nacional como, Tião Carreiro e Pardinho, José Rico e Milionário, Tonico e Tinoco, entre outros.

Beko Santanegra

O álbum lançado oficialmente no dia 26 de agosto, tem 7 canções: A Outra Cabocla Tereza – composta em parceria com Eduardo Ramirez, Naquela Mesa Caipira, Príncipe, Reflexos – o menino no espelho, Sabedoria do Ipê, Valsa para Eduardo – uma canção instrumental (todas compostas por Paulinho Robson) e Reisado – Hoje eu tenho de tudo, amanhã tenho nada, parceria com Béko Santanegra. Um trabalho que mostra com muita leveza, o universo rural de um tempo sem televisão, como diz a faixa autobiográfica Reflexos – O menino no Espelho.

Eduardo

Paulinho Robson afirmou que a ideia de homenagear João Pacífico surgiu por volta de 2017 quando assistiu a um documentário da TV Educativa de São Paulo que contava a história do compositor, com cenas dos seus últimos dias em um sítio de um casal de fãs no interior de São Paulo e imagens de várias fases de sua vida. Paulinho disse que ficou muito impressionado com o jeito de João Pacífico escrever suas canções. Assim, as duas primeiras músicas surgiram: “Naquela mesa caipira” e “A outra cabocla Tereza”. A primeira, o retrato para parte de sua história e do seu processo criativo, citando algumas das suas composições. “A outra cabocla Tereza” teve como propósito dar um novo fim para a mais triste história da música caipira raiz, ou seja, o feminicídio de uma cabocla, por ciúmes.

Paulinho

No início do projeto a intenção era dar dois enfoques: resgatar a história e parte da discografia de João Pacífico, homenageando e resgatando o tempo em que viveu o auge de sua carreira, que em parte coincide com a infância do próprio Paulinho Robson na roça, em Piabanha, localizada no Vale do Rio Pardo, entre Itapetinga e Itambé, na Bahia. Nesse álbum “Pacíficas” há uma música que resgata as rancheiras de origem mexicana, com todos metais comuns nos anos 50 (Sabedoria do Ipê) e músicas autobiográficas como “Príncipe ” e “O Menino no espelho” que se refere a uma que ele cantava para as visitas (na época tinha seis anos).

JOÃO PACÍFICO – Nasceu no Núcleo Colonial de Cascalho, antiga fazenda Cascalho, zona rural de Cordeiro, hoje Cordeirópolis. Mudou-se para Campinas em 1919, quando sua mãe, foi trabalhar na casa de Ana Gomes, irmã do maestro Carlos Gomes, e ai passou a ter mais contato com os músicos da cidade grande. Em 1923 o jovem baterista entrou para a Orquestra Sinfônica de Campinas chegando a tocar a abertura de “O Guarani” de Carlos Gomes, no Teatro Dom Bosco. Em homenagem a Campinas, escreveu o poema “Cidade de Campinas”, musicado mais tarde por Raul Torres. Seu primeiro emprego foi “ajudante de lava pratos no carro-restaurante da Cia Paulista de Estradas de Ferro, onde seu pai era maquinista.

Em 1937, Raul Torres foi para a RCA Victor e levou com ele o cantor Serrinha que fazia a segunda voz na dupla e nesse mesmo ano gravaram Chico Mulato, música que consagraria João Pacifico como um dos mais importantes compositores de sua época. Em seguida veio o grande clássico que atravessaria décadas: a história de amor Cabocla Tereza, gravada por Torres e Serrinha em 1940. Anos depois, em 1982, o enredo de Cabocla Tereza acabou virando filme. João Pacífico morreu no dia 30 de Dezembro de 1998, em Guararema, onde foi enterrado com a presença de poucos amigos que cantaram algumas de suas obras imortais. Em Cordeirópolis, sua terra natal, por iniciativa de Vilma Peramezza, foi criada a “Casa de Cultura João Pacífico” em sua homenagem, enquanto a Câmara Municipal, instituiu a “Medalha João Pacífico”, que é dada a personalidades. Em Guararema, institui-se a “Semana João Pacífico”, em homenagem ao Poeta do Sertão.

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