Documentário do Globoplay celebra os 95 anos de Fernanda Montenegro
Da Redação
No aniversário de 95 anos de Fernanda Montenegro, documentário do Globoplay que será exibido na Globo nesta quinta-feira (17/10) revisita trajetória da grande dama da dramaturgia brasileira. Lenda viva, Fernandona poderá estar em seu segundo Oscar
O Globoplay estreou, nessa quarta-feira (16/10), o documentário original Tributo a Fernanda Montenegro, que completou 95 anos. A atriz abre as portas de casa e relembra histórias marcantes da trajetória artística, além de resgatar memórias da vida pessoal. Na produção original, que será exibida nesta quinta-feira (17/10) à noite na tela da Globo, a veterana — que é imortal na Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2022 — resgata memórias de personagens, amigos e familiares, incluindo o marido, o ator e diretor Fernando Torres.
Em um trecho do documentário, Arlette Pinheiro Monteiro Torres — nome de batismo da “grande dama da dramaturgia brasileira” — abre o coração sobre o casamento que durou 55 anos, chegando ao fim com a morte do companheiro, em 2008. “Sem Fernando, a minha vida não se cumpriria. Do nosso mais profundo pacto de existir, vieram dois filhos maravilhosos, que são duas referências dentro do nosso processo artístico. Então, tenho que agradecer, Fernando, a você”, declara-se a atriz.
Além de marido e pai dos dois filhos, Fernanda e Cláudio Torres, Fernando foi o par inseparável de Montenegro em diversos trabalhos no teatro e até na TV. “O acaso fez com que a gente se olhasse, se quisesse e nos fechamos pela vida afora. Foram 60 anos de trabalho. Tínhamos uma vocação inarredável, mas fomos nos suportando, nos salvando e nos amando. Eu tive nele não um concorrente destrutivo. Tive nele um ajutório. Antes do trabalho, foi uma identificação celular”, recorda Fernanda.
Os filhos, sem dúvida, foram os que acompanharam mais de perto essa relação de simbiose entre os pais. Fernanda Torres, que também participa do documentário, traz a visão sobre o casal: “Ela sente muita falta dele, ainda hoje. Meu pai era o grande cúmplice da minha mãe.”
Consciência da morte
Em um dos trechos, Fernanda Montenegro chega a refletir sobre a aproximação da morte. “A consciência da morte é constante, diária, a cada segundo. Não é se conformar, é tentar aceitar, porque vai vir. O que vamos fazer? Ninguém é eterno.”
A atriz veterana, que almeja chegar aos 100 anos, brinca que a longevidade foi uma herança de família: “Eu sou de uma raça que dura muito. Meu pai, com 90 e tantos, dizia que queria chegar aos 100 anos, porque a vida é tão boa. Então, eu tenho esses exemplos perto de mim, de velhos duros que aguentaram muita coisa na vida e querem chegar aos 100. Eu sou uma mulher e de ofício. Um dia, a gente vai sair desse planeta. Ou vai ficar enterrado ou vai subir pelas alturas e buscar outra transcendência.”
Fernanda também não esconde as saudades que sente dos amigos que partiram. “Tem uma hora que você vê que já viveu a vida. É interessante que, com o passar dos anos, você se lembra de um amigo que se foi e só ele se lembraria dessa memória que você tem. De repente, bate um buraco de saudade dos que se foram.”
Brasileira no Oscar
No longa Ainda estou aqui, que será lançado em novembro, Fernanda poderá ser vista, dividindo com a filha, Fernanda Torres, a personagem Eunice Paiva no drama dirigido por Walter Salles escolhido pela Academia Brasileira de Cinema como representante do Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar de 2025. O filme estreou no Festival de Veneza, em 1º de setembro de 2024, aplaudido por 10 minutos consecutivos pelo público e foi premiado com a Osella de Ouro de Melhor Roteiro.
Em 1999, a interpretação de Fernanda Montenegro no filme Central do Brasil lhe rendeu uma indicação na categoria de Melhor Atriz — tornando-a a primeira latino-americana, a única brasileira e a única atriz indicada ao prêmio por uma atuação em língua portuguesa — e uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático. A produção recebeu diversos prêmios e indicações ao redor do mundo, dentre eles, uma outra nomeação ao Oscar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Fernanda Montenegro tem mais de 70 anos de carreira artística e é vencedora do Emmy Internacional por Doce de mãe.
Correio Braziliense