25 de novembro de 2024

Julho das Pretas valoriza mulheres negras da comunidade quilombola São Miguel

Roda de conversa sobre a temática da Campanha Julho das Pretas – Fotos: Jaqueline Hahn Tente

Jaqueline Hahn Tente

As mulheres da Comunidade Remanescente de Quilombo São Miguel, localizada no município de Maracaju, participaram na última quinta-feira (13), de um bate-papo sobre desigualdade, violência e relações de poder, mas também de visibilização da arte e da produção de conhecimento das mulheres negras.

A programação fez parte da campanha “Julho das Pretas: Eu, Mulher Preta”, dedicada para ações e debates sobre políticas públicas de enfrentamento ao racismo, aos preconceitos e a todas as formas de violação de direitos, reafirmando o protagonismo e a participação das mulheres pretas, realizada pela Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial

“É muito gratificante voltar aqui na comunidade São Miguel, e ver o quanto essa comunidade se desenvolveu. Essa transversalidade com município e Governo do Estado é uma parceria que deu certo. E trazer a campanha Julho das Pretas para dentro da comunidade coloca em evidência a luta de cada mulher aqui, porque nós mulheres pretas, nós população negra enfrentamos muitas coisas nesse contexto social”, explica Vânia Lúcia Baptista Duarte, Subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial.

O encontro foi promovido pela Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, em parceria com a Secretaria de Assistência Social de Maracaju e UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Unidade Universitária de Maracaju, com o objetivo de ampliar o diálogo, desenvolver ações e reforçar a luta das mulheres negras.

Laura Nunes de Souza, artesã e moradora da Comunidade São Miguel.

“É muito gratificante essa ação aqui, pois nos auxilia em todas as áreas. E faz com que a comunidade seja conhecida, é uma forma de divulgar o nosso artesanato, a comunidade, os produtos aqui fabricados. E o Julho das Pretas mostra que nós somos protagonistas dentro da comunidade, é maravilhoso essa valorização da mulher negra, que antes não éramos nem vistas e agora com essas ações, a gente sabe dos nossos direitos. Enquanto mulher preta eu sempre trabalhei e moro dentro da comunidade e essas ações dão visibilidade e nos enche de orgulho, de usar roupa colorida, de usar um turbante”, ressalta Laura Nunes de Souza, artesã e moradora da Comunidade São Miguel.

Quilombolo São Miguel

Mato Grosso do Sul, possui 22 comunidades remanescentes de quilombo certificadas pela Fundação Cultural Palmares, destas quatro tituladas e somente duas delas com o território todo da comunidade, que é o caso da comunidade São Miguel, que atualmente conta com 62 famílias morando no local.

A agricultura familiar tem ajudado a transformar as perspectivas econômicas da comunidade, as famílias fornecem produtos para a alimentação escolar de forma eficaz. Jorge Henrique Gonçalves Flores, membro da CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), explica que os produtores estão descobrindo o valor da terra dos quilombolas, garantindo o sustento da própria terra.

“Estamos ganhando importância e conhecimento técnico para uma melhoria de vida, situação financeira e nos firmar nessa terra melhor. E uma mudança de vida para as famílias e futuras gerações que não precisam sair daqui para buscar emprego. Nós já estamos trabalhando na quarta geração da comunidade e nós estamos incentivando eles a valorizar o que tem aqui, a nossa história”, finaliza.

A prática da agricultura familiar levou desenvolvimento e renda para a comunidade.

Na ocasião a Secretária adjunta da Setescc, Viviane Luiza, ressaltou que, “nós aproveitamos a vinda na comunidade para conhecer as boas práticas aqui existentes, como a implementação do Selo Sabor de Maracaju, nos produtos aqui fabricados, além da venda da produção para a merenda escolar, em um trabalho integrado do município. E eu acredito que essas informações devem ser fomentadas em outras comunidades. A transversalidade que vemos aqui é o que faz com que as políticas públicas cheguem a todos. A UEMS junto aqui é o que fortalece o etnodesenvolvimento.”

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