Vanessa Ricarte: a trágica realidade do feminicídio e a luta pela vida das mulheres
Um dia triste para toda a sociedade. Um dia triste para nós, mulheres. Um dia triste para o jornalismo.
Vanessa Ricarte, jornalista, perdeu a vida na madrugada do dia 13 de fevereiro, vítima de feminicídio. Este foi o segundo caso registrado de feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano, que mal começou. O responsável por essa tragédia: seu noivo, Caio Nascimento. Aquele que deveria ser seu companheiro de vida tirou sua vida horas depois de ela ter feito um boletim de ocorrência contra ele, por ameaça e violência doméstica, e de conseguir uma medida protetiva.
Infelizmente, não houve tempo. Não houve tempo para sua liberdade. Não houve tempo para abraçar seus entes queridos. Não houve tempo para recomeçar uma vida sem violência.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que o mundo ainda está longe de combater uma das principais causas de morte de mulheres. No Brasil, a cada 6 horas, uma mulher é assassinada. Diariamente, no mundo, 140 mulheres são mortas por alguém de sua família — ou seja, por aqueles que deveriam amá-las e protegê-las.
Em 10 de outubro de 2024, entrou em vigor a Lei 14.994/2024, que aumenta para até 40 anos a pena para o crime de feminicídio — o assassinato de mulheres em contexto de violência doméstica ou de gênero. Com essa lei, a pena para quem for condenado por feminicídio passa de 20 a 40 anos de prisão, maior do que a pena prevista para homicídio qualificado (12 a 30 anos de reclusão). Conhecida como “Pacote Antifeminicídio”, a lei também prevê o aumento das penas para outros crimes cometidos no contexto de violência contra a mulher, como lesão corporal, injúria, calúnia e difamação.
No entanto, a questão é que, mesmo com leis mais severas, com amparo jurídico e com as tentativas de proteção de quem nos ama, parece que nada consegue impedir a ocorrência desses crimes. O algoz de Vanessa está preso, mas há outros em liberdade. Há outros que continuam fazendo da vida de suas vítimas um inferno.
Eu não conhecia Vanessa, mas o que li e ouvi sobre ela até agora me tocou profundamente. Ela era amada pela família e pelos amigos, e admirada pelos colegas de profissão. Cada vez que leio sobre casos de feminicídio, não posso deixar de me sentir profundamente afetada. Não queremos fazer parte dessas estatísticas. Não queremos ser agredidas, desrespeitadas ou mortas. Queremos viver!
Por: Mirtes Ramos
Foto: Redes sociais