21 de dezembro de 2024

Cuidados Paliativos: Comunicação é a base para acolhimento paciente-famíla

Plenário lotado no segundo e último dia do I Simpósio de Cuidados Paliativos de Mato Grosso do Sul – Foto: Wagner Guimarães
Christiane Mesquita   

A abordagem integrada que tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e familiares diante de doenças, por meio do alívio do sofrimento e tratamento das dores e sintomas físicos, espirituais e psicossocial. Este foi o assunto do 1º Simpósio Cuidados Paliativos de Mato Grosso do Sul. Em seu segundo e último dia de programação nesta manhã (6), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), o evento aconteceu por solicitação oficial da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Fundação Miguel Couto ao deputado e 1º secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), Paulo Corrêa (PSDB).

“Comunicar, informar e esclarecer, conversar e não impor, mudamos de paradigma e ao transmitir más notícias não é tarefa fácil, nem de um só profissional, nem um jogo de empurra”. Este foi um dos ensinamentos da psicóloga Maria Júlia Kovacs, durante a palestra ministrada com o tema “A comunicação na promoção da dignidade em cuidados paliativos: desafios para a equipe multidisciplinar”.

Psicóloga abordou a importância da comunicação nos cuidados paliativos

Maria Júlia Kozacs, também falou sobre sua história em cuidados paliativos. “Sou militante em cuidados paliativos, em 1993, eu tive uma experiência fascinante, quando li um livro sobre o assunto. Em Londres, em uma aula ministrada por Cicely Sounders, tive o privilégio de ver na prática o que eram os cuidados paliativos e a comunicação necessária. Uma das frases e Saunders era ‘O sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida’”, informou a psicóloga.

“Na comunicação, é importante lembra das dores, são físicas, espirituais, e até de abandono. Uma das coisas mais importantes é que entender a dor numa dimensão maior e a empatia é fundamental, sem ela nada podemos fazer, e isso é entrar no mundo do outro, como se fosse o outro, ouvindo com os ouvidos e tentar ver com os olhos dessa pessoa. A compaixão não funciona sem a empatia, e ela é necessária nessa integração paciente-família”, ressaltou a palestrante.

Mesa redonda formadas por profissionais de saúde

Por fim, uma das últimas questões abordadas pela profissional foi sobre o luto. “Verdade é tudo aquilo que é construído. É necesário também falar sobre o luto antecipatório, que é luto pela perdas de situação significativas da vida, devido as mudanças drásticas, tais como divórcio, falência, exílio, pois são situações que certa harmonia é rompida. E essas situações fazem parte da vida, há formas de lidar com esse tipo de crise”, avaliou a psicóloga Maria Júlia Kovacs.

MESA – Os temas das perguntas que integraram o plenário variaram sobre o acolhimento adequado do paciente e família e como podem se proteger e trabalhar esse sofrimento que reverbera nos profissionais, recusa ao tratamento; capacitação em cuidados paliativos dirigida aos técnicos de enfermagem, em relação a família não ter a estrutura para aceitação do óbito em casa, e orientação sobre a telemedicina.

A mesa teve como mediadora Érica Abel Silva, médica visitadora do setor Unimed em Casa da Unimed Campo Grande, membro do Conselho curador da Fundação Miguel Couto de Ensino, Pesquisa e Extensão; a psicólogo e palestrante Maria Júlia Kovacs; Marcela Ramone do Nascimento, médica do Serviço de Cuidados Paliativos e diretora-técnica do Hospital Unimed Campo Grande; a médica geriatra Priscila Takahashi de Faria, especialista em cuidados paliativos na Unimed Campo Grande; e a enfermeira Michele Batiston Borsoi, paliativista na coordenação de doenças crônicas da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Érica Abel ressalta a importância dos cuidados paliativos

DEPOIMENTO – Alessandra Pereira, estudante de enfermagem da Universidade da Grande Dourados (Unigran) comoveu os presentes no Plenário Júlio Maia. Ele fez um depoimento sobre a sua vivência com os cuidados paliativos.  “Minha mãe sofreu um acidente de moto, ficou 14 dias entubada, teve uma parada cardíaca na Unidade de Terapia Intensiva, e foi encaminhada aos cuidados paliativos. Mesmo eu cursando enfermagem, não tinha conhecimento sobre isso, e agora quero me especializar na área. Pensava que ela ia morrer no setor de cuidados paliativos, e a psicóloga veio me esclarecer qual era o significado. Ela passou pela traqueostomia, ficou internada mais 25 dias na Santa Casa, e foi internada no São Julião por quatro meses, durante esse tempo sempre o psicólogo me esclarecendo. Foi um baque, só eu e meu padrasto, medo dela morrer, e estamos há dois anos em cuidados paliativos, é irreversível a lesão. A equipe de cuidados paliativos é muito importante para o paciente e para a família”, testemunhou.

A médica Érica Abel Silva destacou a importância do momento para a carreira de Alessandra Pereira. “Essa é uma oportunidade de estar com sua mãe e estar com pessoas e conhecimento, e suporte de passar com isso de forma mais tranquila e melhor, com menos sofrimento, pois esse é o grande objetivo do cuidado paliativo e a gente sabe que atualmente essas situações acontecem e é difícil lidar com isso instituir uma rede de apoio aos pacientes”, relatou.

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