24 de novembro de 2024

Campeonato Paulista ganha uma nova divisão, com acesso à terceira

Série A4 da competição estadual tem início no sábado, com 16 times na disputa

Edmílson (de agasalho azul) conversa com jogadores do Ska Brasil, durante torneio disputado na região de Costa Brava, na Espanha
Edmílson (de agasalho azul) conversa com jogadores do Ska Brasil, durante torneio disputado na região de Costa Brava, na Espanha – Vitor Ricci/Divulgação

LUCAS BOMBANA

FOLHA DE S.PAULO

SÃO PAULO – Em 2024, o Campeonato Paulista ganha uma nova divisão. Batizada de Paulista A4, ela passa a corresponder à quarta divisão de futebol do estado, abaixo das séries A1, A2 e A3 e acima da Segunda Divisão, chamada popularmente de “Bezinha”, que passa a ser a quinta e última divisão.

A A4 terá 16 times, entre rebaixados da A3 em 2023 e aqueles que avançaram até a terceira fase na última edição da Bezinha. De modo a fomentar novos talentos, o torneio será composto majoritariamente por atletas sub-23, com a permissão para que cada clube tenha até cinco jogadores acima dessa idade.

A nova divisão paulista vai mesclar agremiações tradicionais do estado, como o XV de Jaú, que completa cem anos em 2024, tendo revelado uma série de nomes que se destacaram no esporte, e clubes recém-criados, caso do Ska Brasil, presidido pelo pentacampeão Edmílson.

Na primeira fase, os times se enfrentarão em turno único. Os oito melhores avançarão às quartas de final, e os dois últimos serão rebaixados.

Quartas de final, semifinais e finais serão disputadas em jogos de ida e volta; em caso de igualdade no placar agregado, avançará o dono da melhor campanha. Campeão e vice terão acesso à A3 em 2025. O torneio terá início no próximo sábado (27).

A previsão da FPF (Federação Paulista de Futebol) é repassar aos clubes da A4 cerca de R$ 5 milhões, entre cotas de patrocínio e premiações.

As 16 equipes que disputarão a Série A-4 do Campeonato Paulista

Um dos clubes que despontam como candidatos ao título da competição é o Ska Brasil, com sede em Santana de Parnaíba. A equipe nasceu em 2019 a partir de uma parceria entre um grupo de investidores japoneses e o ex-jogador Edmílson —pentacampeão com a seleção brasileira, em 2002, e com passagens por Barcelona, Lyon, São Paulo e Palmeiras.

O centro de treinamento foi batizado em homenagem ao treinador Telê Santana (1931-2006), que, segundo Edmílson, foi fundamental para seu desenvolvimento e sucesso, dentro e fora de campo.

Antes de se preocupar com o desempenho do atleta, Telê tinha como prioridade formar um time com homens responsáveis em relação às suas obrigações pessoais e profissionais, afirma o ex-jogador. “Se não tivesse ouvido o Telê, não teria conseguido nem metade do que alcancei na carreira.”

Edmílson diz que tenta repassar essa ideia aos jogadores do Ska Brasil. O ex-atleta, que atuou como zagueiro e volante, afirma ainda que busca resgatar o “futebol raiz”. O processo inclui a prática do futsal para os pequenos que chegam para adquirir fundamentos básicos, como domínio de bola e drible.

Segundo Edmílson, a fase ruim atravessada pela seleção brasileira está ligada à falta de uma formação adequada dos atletas.

“Os meninos que estão em formação não têm que ganhar campeonato. Eles têm que performar [sic] bem, nas áreas técnica, física, emocional e cognitiva”, afirma o dirigente, revelado no início dos anos 1990 pelo XV de Jaú, time com o qual o Ska Brasil vai duelar na A4.

Presidente do XV de Jaú, Careca Paiva afirma que a disputa da nova divisão aumenta as chances de uma classificação para a A3, uma vez que são 16 clubes na disputa, contra os 36 que participaram da Bezinha em 2023.

“A nova divisão demonstra que a Federação Paulista está querendo resgatar as equipes que fizeram história no futebol do estado”, diz Paiva.

Ao longo das últimas décadas, jogadores de expressão nacional e internacional passaram pelo clube do interior, caso do zagueiro Leandro Castán, do volante e faz-tudo Wilson Mano e dos atacantes França e Sonny Anderson.

Também jogou pelo “Galo da Comarca” o lendário atacante Kazu, que, em 1988, foi o primeiro jogador do Japão a marcar um gol no futebol brasileiro, em vitória por 3 a 2 sobre o Corinthians de Biro-Biro. Aos 56 anos, Kazu está em ação até hoje, atuando pelo Oliveirense, da segunda divisão do Campeonato Português.

Para a disputa da A4, Paiva afirma que a intenção é utilizar principalmente jovens revelados nas categorias de base. Aqueles que se destacaram na Copa São Paulo —o time caiu na segunda fase, nos pênaltis, diante do CRB— devem integrar a equipe principal.

“Se não aproveitamos no profissional os jogadores que vêm da base, não faz sentido ter a base”, afirma o cartola. “Espero que a gente consiga alcançar o objetivo, que é subir para a A3.”

A última vez que o clube disputou a primeira divisão estadual foi em 1996, quando terminou na 15ª e penúltima posição. O Palmeiras, com Rivaldo, Djalminha e Cafu no elenco, foi o campeão naquele ano.

Para celebrar o centenário do XV, uma série de ações está prevista para a semana de 15 de novembro, data de fundação da agremiação. Um jogo amistoso entre o time de másteres do XV de Jaú e uma formação liderada por Edmílson e convidados deve ser a principal atração.

Compartilhe
Notícias Relacionadas
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Sites Profissionais
    Informe seus dados de login para acessar sua conta