Onça-pintada é símbolo brasileiro da conservação da biodiversidade e tem importância econômica para o Pantanal
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) passou a integrar, recentemente, duas grandes estratégias de conservação de onças-pintadas que vão gerar impactos regionais e nacionais a favor da biodiversidade, com repercussão para o fomento à produção sustentável no Pantanal e possibilidade de geração de renda por meio do ecoturismo. São parceiros diretos nesses esforços a General Motors, Brazil Foundation, ISA Energia BR, Instituto Localiza e LogNature.
Neste dia 29 de novembro, Dia Nacional da Onça-pintada, é importante ressaltar a necessidade de entender sobre a conservação do maior felino das Américas. Como histórico, a data foi oficializada por meio de Portaria do Ministério do Meio Ambiente (MMA) em 16 de outubro de 2018, com o objetivo de unir esforços em ações de divulgação sobre a importância ecológica, econômica e cultural da espécie. A onça-pintada ainda é o Símbolo Brasileiro da Conservação da Biodiversidade.
Sobre as atividades de conservação, integrantes da equipe técnica do IHP fazem parte do segundo ciclo do Plano de Ação Nacional dos Grandes Felinos, do Centro de Pesquisa, Manejo e Conservação de espécies de mamíferos carnívoros (Cenap), vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Também há a atuação em grupo de trabalho para a coexistência humano-onça no Pantanal, que aglomera 13 instituições de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Essas duas iniciativas vão procurar balizar políticas públicas e gerar conteúdo científico pelos próximos anos para favorecer a proteção da onça, ao mesmo tempo que vai buscar a coexistência com setores produtivos e comunidades.
A onça-pintada é uma espécie ameaçada de extinção, segundo as listas do Salve, do ICMBio;e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).
Esse grande felino representa um importante bioindicador para um território, por estar no topo de cadeia e ter uma influência em efeito cascata em mais de uma centena de outras espécies. Ao mesmo tempo, sofre com diferentes ameaças no Pantanal, tais como a caça, perda de habitat, prática de ceva (alimentação irregular para animais selvagens), atropelamento em rodovias, tráfico de partes do corpo, bem como a disseminação de fake news que fomentam crimes contra esses animais.
O médico-veterinário e pesquisador associado do IHP, Diego Viana, participou da reunião neste mês de novembro do Plano de Ação Nacional, o PAN, com outras 60 pessoas de diferentes instituições que atuam em todos os biomas brasileiros. “Essa reunião contribui para o desenvolvimento de estratégias de atuação para a proteção das onças-pintadas e onças-pardas, essenciais para a conservação da biodiversidade no país. Discutimos vários aspectos da conservação desses animais, as principais ameaças atualmente e quais regiões são prioritárias. É uma construção nacional que vai ter a chancela do ICMBio e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática.”
Outra estratégia que passou a ser construída para Mato Grosso do Sul e Mato Grosso envolvendo 13 diferentes instituições, incluindo o IHP, é o grupo de trabalho Coexistência Humano-Onça no Pantanal. No final de outubro, ocorreu um workshop para estruturar o grupo que vai discutir medidas que contribuam para a conservação da onça-pintada e envolver nesse processo o respeito à cultura pantaneira e o convívio dessa espécie com o setor produtivo e as comunidades. A estruturação do grupo foi organizada pela WWF e Aliança 5P.
As entidades envolvidas nessa construção conjunta são IHP, Sesc Pantanal, Associação Aliança 5P, IPÊ (Pontes Pantaneiras), WWF Brasil, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Fazenda Ypiranga, Panthera Brasil, SOS Pantanal, Pousada Piuval, Ampara Animal, Pro Carnívoros e Embrapa Pantanal. Integra esse coletivo pelo Instituto os profissionais médicos-veterinários Mariana Queiroz, Franciele Oliveira, Diego Viana e a bióloga Grasiela Porfírio.
“Essa é uma importante iniciativa colaborativa entre instituições que pretendem, juntas, reforçar, ampliar e promover ações para a coexistência e conservação da onça-pintada e seus habitats no Pantanal, integrando Mato Grosso do Sul e Mato Grosso”, explicou a coordenadora de projetos no IHP, Grasiela Porfírio.
No primeiro semestre de 2024, o IHP já havia promovido o 1º Seminário Estratégias de Ações Integradas para Conservação de Felinos para discutir com forças de segurança medidas que podem contribuir na conservação da onça-pintada, além de haver troca de conhecimento científico. Saiba mais nesse link.
Monitoramento ambiental e soluções baseadas na natureza
A equipe técnica do IHP realiza monitoramento mensal na região da Serra do Amolar, no trecho da rodovia BR-262, entre Corumbá e Miranda, e ao longo do rio Miranda para identificar dados e mapear ações necessárias para a conservação da onça-pintada e a cadeia de espécies que sofrem influência.
No monitoramento de biodiversidade que vem sendo feito na região da Serra do Amolar, há o acompanhamento de diferentes indivíduos e já foi possível realizar a identificação de alguns animais. As rosetas das onças-pintadas são únicas e existem como uma digital, por isso existe essas possibilidade de individualização. Naquele território que forma um corredor de biodiversidade de quase 300 mil hectares, habitam a região o Acuri, a Borboleta, que é mãe de filhotes que estão completando dois anos de vida, Carandá e Bocaiúva. A partir dessa idade, os indivíduos tendem a se separar da mãe.
No trecho da BR-262, entre Corumbá e Miranda, o monitoramento vem sendo feito para avaliar resultados de mitigação no atropelamento de animais selvagens no período de estiagem. As armadilhas fotográficas instaladas em pontes de vazante que foram limpas para avaliar a passagem da fauna surtiu evento nesse período em que há menos água no Pantanal.
Por conta da onça-pintada ainda há a realização na região da Serra do Amolar, no Pantanal, dois grandes projetos de conservação. Um deles, já certificado, é o REDD+ Serra do Amolar, que é voltado para créditos de carbono e realização de medidas para desmatamento evitado. Outro projeto em fase de certificação é o Créditos de Biodiversidade Serra do Amolar. Em ambos os casos, esses projetos atuam como soluções baseadas na natureza e ajudam a gerar recursos financeiros com Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
A coexistência entre a onça-pintada e as comunidades tradicionais e indígenas permite também uma outra vertente econômica que é o uso do território conservado para promover atividades de ecoturismo. No Pantanal, a observação de animais é um potencial meio para geração de renda envolvendo toda a cadeia do turismo.
Sobre o IHP
Com mais de 20 anos de atuação, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) compartilha com a sociedade os desafios para a conservação do Pantanal e toda sua biodiversidade. O Instituto é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atua na produção de natureza no bioma Pantanal, com respeito à história e à cultura local. Dentre as atividades desenvolvidas, destacam-se a gestão de áreas protegidas, o apoio a pesquisas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse nas áreas.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
Os programas e projetos permanentes que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatorio Pantanal.
Redação: Impacto Mais – Mirtes Ramos
Fonte: Instituto do Homem Pantaneiro
Fotos: Divulgação/IHP