Comerciantes dificultam fechamento de negociação salarial em Campo Grande
Supermercadistas, concessionárias e casas de materiais de construção se recusam a pagar salários dignos aos seus colaboradores
Arquivo/Divulgação
Wilson de Aquino
Empresários dos setores de supermercados, materiais de construção e concessionárias em Campo Grande estão sendo criticados por não retribuírem adequadamente as contribuições valiosas de seus colaboradores para o sucesso de seus negócios. Carlos Sérgio dos Santos, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Grande (SECCG), aponta que as negociações para as Convenções Coletivas de Trabalho (CCT) têm enfrentado resistência por parte dos empresários, que não desejam abrir mão de parte dos lucros vultuosos para conceder reajustes salariais aos empregados.
“São tempos diferentes, e os trabalhadores merecem uma remuneração melhor pelos serviços prestados. Não basta apenas repor as perdas causadas pela inflação acumulada nos últimos 12 meses antes da data-base de cada categoria. É necessário proporcionar um aumento real aos trabalhadores”, argumentou o presidente do SECCG.
O sindicato já realizou três rodadas de negociações com os supermercados de Campo Grande, por meio de sua entidade representativa, mas não conseguiu chegar a um acordo. O SECCG busca um ganho real acima da inflação e um aumento de 100% no valor do abono pago aos funcionários, que passaria de R$ 400,00 para R$ 800,00.
O piso salarial dos empregados em supermercados de Campo Grande é de R$ 1.369,00, apenas R$ 49,00 acima do salário mínimo nacional, que é de R$ 1.320,00. Carlos Santos argumenta: “Podemos observar que o piso dos empregados está praticamente equiparado ao salário mínimo. Dessa forma, não há uma grande vantagem para os colaboradores do setor de supermercados, e isso precisa mudar por meio da aprovação de salários mais dignos”. Ele ressalta que há cerca de 14 mil empregados nesse setor na capital.
No setor de materiais de construção, as negociações também estão paradas. Já foram realizadas duas rodadas, mas um acordo que deveria ter sido fechado em abril (data-base) ainda não foi alcançado.
Como uma estratégia nas negociações, o Sindicato dos Empregados no Comércio não está disposto a negociar a abertura desse setor nos feriados. Por exemplo, as empresas desejam abrir no próximo feriado, dia 8 de junho, porém só poderão fazê-lo se entrarem em acordo com o sindicato. “Os empresários precisam respeitar e valorizar o papel de seus colaboradores nas empresas. São eles os principais responsáveis pelo sucesso dos negócios, e, em troca disso, precisam ser devidamente remunerados com salários reajustados acima da inflação”, afirmou Carlos Santos. Existem mais de 11 mil trabalhadores nesse setor na capital, e o piso salarial da categoria é de R$ 1.455,00.
No setor de concessionárias de veículos, os empresários são os mais insensíveis aos direitos dos colaboradores. Há dois anos, Carlos Santos busca um entendimento para fechar a CCT, mas até agora não obteve sucesso. Os empresários relutam em conceder reajustes dignos aos mais de 10 mil empregados nesse setor em Campo Grande. “Isso é um desrespeito muito grande para com aqueles que servem essas empresas com seus trabalhos profissionais dignos e rentosos”, afirmou Santos lembrando que o piso salarial da categoria, que é de R$ 1.369,00 também está igualando com o salário mínimo nacional, que é de R$ 1.320.