
O dólar subia 0,22%, cotado a R$ 5,165, por volta das 10h26 desta quarta-feira (22), favorecido por uma cautela nos mercados antes da participação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em uma audiência no Congresso dos Estados Unidos.
No mesmo horário, o Ibovespa recuava 1,38%, aos 98.305 pontos, prejudicado pela aversão a riscos e pela queda em bloco de ações ligadas a commodities. Os papéis refletem os fortes recuos do minério de ferro, que fechou em baixa na China, e do petróleo, ligados à expectativa de uma demanda global menor.
A expectativa é que Powell dê mais pistas sobre os próximos passos do ciclo de alta de juros no país, que tem repercussão global e favorece o dólar. Na última reunião, o Fed elevou os juros em 0,75 ponto percentual, a maior elevação desde 1994, e deixou a porta aberta para um novo aumento nessa magnitude.
O movimento busca combater a maior inflação no país em 40 anos, mas os investidores esperam um ciclo agressivo de alta, o que reforça temores de uma recessão nos Estados Unidos e uma forte desaceleração econômica global, aumentando a aversão a riscos e a busca por ativos seguros, caso da moeda norte-americana.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
Na terça-feira (21), o dólar teve queda de 0,67%, a R$ 5,153. Já o Ibovespa recuou 0,17%, aos 99.684,50 pontos, no patamar mais baixo desde 4 de novembro de 2020.
Sentimento global
Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 15 de junho. O órgão elevou os juros em 0,75 ponto percentual, na maior alta desde 1994, e deixou uma porta aberta para um aumento na mesma magnitude em julho.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, o Banco Central Europeu (BCE) sinalizou altas de juros a partir de julho, enquanto a China enfrenta um novo aumento de casos de Covid-19 com temores de novas restrições e o risco fiscal no Brasil voltou a ganhar força.
Com isso, a combinação de um cenário doméstico debilitado, com o retorno de riscos fiscais e temores sobre interferências na Petrobras, e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.
** Com informações da Reuters e CNN Brasil