Google remove jogo racista “Simulador de Escravidão” de PlayStore
Correio Braziliense
O Google excluiu da plataforma de distribuição digital, na tarde desta quarta-feira (24/5), um jogo chamado Simulador de Escravidão”, oferecido pela MagnusGames. Até esta manhã, o game possuía mais de mil downloads e 70 avaliações no PlayStore, além de reunir comentários perversos e racistas de usuários do serviço.
Procurada pelo Correio, a empresa disse que não permite aplicativos que “promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica” ou que “retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas”.
Antes de ser removido, a reportagem acessou a plataforma e constatou a gravidade da situação. Um perfil, identificado como “Mateus Schizophrenic”, sugere até mesmo que sejam criadas outras funcionalidades para o jogo, como, por exemplo, adição de novos métodos de tortura aos negros. “Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava [sic] mais opções de tortura. Poderiam estalar [sic] a opção de açoitar o escravo também. Fora isso, o jogo é perfeito!”, escreveu.
Outro usuário, identificado como Vitor Benício, vai na mesma linha racista e diz que devem ser colocadas novas interações no game. “O jogo é bom, mas tem que haver algumas alterações como na venda e compra”, avaliou na PlayStore.
O presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Distrito Federal, Beethoven Andrade, definiu o caso como “estarrecedor e inacreditável”. Ele afirmou que a entidade vai cobrar outras providências do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e do Ministério Público Federal (MPF). O órgão também deve oficiar o Google.
“O período de escravização ainda reflete sobre negros no Brasil, e isso não pode, em qualquer hipótese, servir como forma de entretenimento, porque ainda resulta em dor, sofrimento e apagamento. O combate ao racismo exige seriedade e participação das instituições e esse tipo de jogo não deveria ter sido aceita em uma plataforma aberta, sobretudo a jovens”, disse Andrade.
Veja a nota do Google na íntegra
“O aplicativo mencionado foi removido do Google Play. Temos um conjunto robusto de políticas que visam manter os usuários seguros e que devem ser seguidas por todos os desenvolvedores. Não permitimos apps que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas. Qualquer pessoa que acredite ter encontrado um aplicativo que esteja em desacordo com as nossas regras pode fazer uma denúncia. Quando identificamos uma violação de política, tomamos as ações devidas.”