10 de outubro de 2024

‘Se vira, meu jovem’, disse presidente do Vila Nova a jogador que reclamou de exposição após denúncia de esquema de fraude no futebol

O presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo – Foto: Roberto Correa/Vila Nova

G1 Goiás

Após o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, denunciar o suposto esquema de manipulação em resultados de jogos, o ex-jogador do Vila Nova acusado de envolvimento nas fraudes, Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário, reclamou sobre exposição na mídia.

“Como que arrumo clube agora?”, questionou o jogador.

“Se vira, meu jovem”, respondeu o presidente a Romário.

O jogador está entre os acusados pelo MPGO por aceitar ou pedir propina duas vezes pra alterar o resultado do jogo. Ao g1, a defesa do atleta, representada pelo advogado Odair de Meneses, informou que o jogador não foi denunciado por crime de associação ou organização criminosa e que a inocência dele “será provada no curso do processo”.

Na conversa, o jogador afirma que não estaria conseguindo conversar com uma pessoa que já estaria em negociação.

“Já estava quase certo com um, os cara nem responde mais”, disse Romário. “Quero te agradecer por tudo que você fez por mim, mas não precisava me expor desse jeito”, completou o jogador.

Em resposta, o presidente do Vila Nova questionou o jovem e afirmou que o jogador estaria pensando apenas ‘nele mesmo’. “Eu vou ficar apanhando de graça? Eu não devo nada. Torcedor falar que eu estou com esquema. Se vira, meu jovem. Você só pensa em você, por mim estava era preso”, escreveu o presidente.

Antes de denunciar o caso, o presidente chegou a questionar o jogador sobre a participação dele no esquema. “Como você entra em um negócio desse?”.

Na conversa com o presidente do Vila Nova, o jogador justificou ter entrado no esquema por não estar jogando com frequência. “Não sei, estava ‘grilado’ sem jogar, só treinando, mas quando fui cair a ficha, pedir para sair, já era tarde”, respondeu o ex-jogador do Vila Nova.

Romário ainda detalha para o presidente sobre R$ 7 mil que estaria devendo. Segundo ele, esse dinheiro teria “caído na conta dele” e ele teria “gasto sem ver”. Mais uma vez, o presidente o questionou.

“Como você não viu R$ 7 mil na sua conta, moço?”, perguntou Hugo.

“Não chega notificação. Fui gastando pensando que era o salário”, justificou Romário.

Informações para denúncia

Além de questionar o jogador sobre a participação dele no esquema, o presidente do Vila Nova também conversou com Bruno Lopez, apontado pelo Ministério Público como chefe do grupo. Prints mostram que, na conversa, Hugo conseguiu fazer com que o apostador admitisse como o esquema funcionava e ainda enviasse comprovantes de transferências realizadas.

Como a operação começou

A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.

Atuação em núcleos

Segundo o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos – como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time. Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas.

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