De acessórios com sementes a esculturas em argila: cursos levam profissionalização a detentos de MS
Fotos: Divulgação
Comunicação Agepen
Parceria entre a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e a FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) tem garantido a realização de cursos na área de artesanato a reeducandas e reeducandos da Capital e do interior do Estado.
A ação faz parte do projeto “Artesania” e é coordenada pela Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da FCMS, com o apoio da Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, tendo como objetivo profissionalizar e possibilitar a geração de renda, de forma que o artesanato seja a atividade principal ou mesmo secundária, como complementação financeira.
Dez internas do EPFIIZ (Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”), na capital, foram capacitadas na “Oficina de Modelagem em Argila Bichos do Pantanal”, com 40 horas/aula, divididas em modelagem e pinturas das peças.
Com técnicas ensinadas durante o curso, e muita inspiração, a matéria-prima tomou forma de araras, jacarés, onças pintadas, entre outros animais que representam a fauna pantaneira e têm importante mercado consumidor, principalmente por conta do turismo.
“É um tipo de material que tem muita saída, inclusive em feiras realizadas em outros estados ou até mesmo fora do país, que podem ser levadas pela Casa do Artesão ou por associações de artesãos”, destacou a instrutora da FCMS, Fabiane Avalhaes Marçal. “Além dessa questão de geração de renda, a modelagem em argila também é uma terapia para elas”, complementou.
Durante o encerramento da capacitação no EPFIIZ, a gestora de Eventos e Atividades Culturais da Fundação de Cultura, Josiane Gaboardi, destacou que a FCMS está de portas abertas para as apenadas.
“Quando saírem daqui e, se todas as portas se fecharem, lembrem-se da Fundação, porque estamos à disposição como ponto de apoio. Temos no Brasil inteiro vários locais de venda do artesanato de nosso estado e vamos saber onde te inserir; existem muitas famílias que vivem do artesanato, é visto como uma profissão mesmo, mas tudo depende do querer”, informou, destacando que existem mais de 100 técnicas disponíveis no mercado.
Essa já será a ocupação encontrada pela reeducanda K.A.S., que está há poucos meses de conquistar a progressão de regime. “Achei muito boa essa oportunidade, e quero levar esse conhecimento para as minhas filhas também como uma fonte de renda, vai ser a nossa opção para ganhar a vida”, revelou.
No EPFSGO (Estabelecimento Penal Feminino de São Gabriel do Oeste), foi ministrada oficina de “Acessórios em Sementes e Macramê” pelas artesãs Magali Ono e Janaina Baassi Gaffuri, com 40 horas/aula. As reeducandas aprenderam a produzir colares, pulseiras e demais acessórios, com foco na cultura e riquezas sul-mato-grossenses.
A capacitação contou com a formação de 20 internas, entre elas C.V.M. que classificou o curso como uma importante oportunidade. “Proporcionou conhecimento e uma fonte de renda viável fora das grades”, agradeceu.
Na opinião da diretora do presídio, Luzimar Neiva de Oliveira, a qualificação profissional é essencial para a ressocialização das reeducandas, visando o retorno à sociedade civil. “É uma forma de transformar vidas, proporcionando maiores chances de recolocação no mercado de trabalho”, avaliou.
A mesma qualificação será ministrada a internas que cumprem pena em regime semiaberto na capital, com programação de 2 a 6 de outubro.
Em Naviraí, oficina de produção de Amigurumi (bonecos feitos em crochê tridimensional) foi oferecida pelo “Artesania” a 10 internos da Penitenciária de Segurança Máxima.
De acordo com o diretor da unidade prisional, Jonas dos Santos Ferreira, com a qualificação ofertada, a intenção é criar uma oficina permanente de produção pelos custodiados. “Vamos adquirir material para que eles possam refinar essa técnica e vamos buscar parcerias para efetuar as vendas dessas peças”, informou. “E isso vai agregar para eles futuramente na geração de renda”, finalizou.