Mulheres em cumprimento de pena se capacitam em técnicas básicas de cabeleireiro
Fotos: Tatyane Santinoni
Tatyane Santinoni
Qualificação profissional na área da beleza e de cuidados pessoais tem sido uma das apostas da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para a reinserção de mulheres em cumprimento de pena em Mato Grosso do Sul, representando possibilidade de emprego e geração de renda quando estiverem em liberdade. Por meio de parcerias, por exemplo, reeducandas do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, na capital, estão se capacitando no curso de técnicas básicas de cabeleireiro.
Dentre as disciplinas estão cortes simples, hidratação, limpeza do couro cabeludo e escova lisa e cacheada, que estão sendo ministradas pela instrutora Vânia Mendes, com experiência de 40 anos na área.
“Esse campo exige muita prática e estudos constantes, por isso digo a essas mulheres que estão aqui de passagem e aproveitem esse tempo de prisão para se qualificarem. Estou muito feliz por estar contribuindo com elas, são bem empenhadas, tem curiosidade e vontade de aprender”, ressalta a docente.
A iniciativa é fruto da parceria da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) com o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), e já capacitou 30 mulheres somente este ano, sendo dez delas neste curso em andamento, e os outros em designer de sobrancelhas e manicure e pedicure.
Conforme a responsável pelo setor de Educação do EPFIIZ, policial penal Ana Lúcia Morais Coinete Depólito, somente em 2022, foram ofertados sete cursos na unidade, capacitando 92 internas. “São oportunidades de sair da ociosidade, garantir a profissionalização e inserção no mercado de trabalho, quando conquistarem a liberdade”, destaca.
Com 35 anos, a interna D.A. enxerga na área da beleza um futuro próspero para trilhar. “Sou apaixonada por esse ramo, meu sonho é me formar em Estética e a cada curso que faço vou adquirindo mais conhecimento e chegando mais perto do meu objetivo. Com essas oportunidades consigo me aperfeiçoar e ampliar minhas habilidades”, revela a reeducanda que já participou de três capacitações no ramo e atua no salão de beleza instalado dentro da unidade.
Atuação na prática
As grades características do ambiente prisional não impedem os cuidados com a saúde e a beleza feminina. No EPFIIZ, o salão de beleza oportuniza trabalho a seis reeducandas, além de possibilidade de praticar o que aprendem e um local adequado para os cuidados com a aparência.
Cumprindo pena há quatro anos, a interna R.M., ressalta que as capacitações ajudam a integrar as apenadas à sociedade. “Estamos restritas da liberdade, mas precisamos de oportunidade e esses cursos abrem novos horizontes; precisamos apenas de um recomeço”, afirma.
Segundo a diretora do EPFIIZ, Mari Jane Boleti Carrilho, cada qualificação profissional ministrada é de extrema importância. “Os instrutores são eficientes e incentivam a produzir com rapidez, perfeição e com todos os métodos de biossegurança, porque existe uma competitividade muito grande no mercado de trabalho que envolve qualidade e quantidade, principalmente na questão de cumprimento de metas”, ressalva.
Ações de ensino e profissionalização para custodiados da Agepen são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária, por meio da Divisão de Assistência Educacional. Conforme dados do setor, mais de 3,9 mil reeducandos de Mato Grosso do Sul já foram capacitados em atividades educacionais profissionalizantes, formação continuada e palestras, no primeiro semestre deste ano.
O oferecimento de qualificação profissional dentro do sistema prisional do estado envolve, ainda, parcerias da Agepen com instituições públicas e privadas e por meio do Pronatec Prisional (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).