Com Caravina mandando mais que o governador, duas agências se encarregam da farra da publicidade no início do governo Riedel
Duas agências de propaganda estão encarregadas de escolher o rumo que toma o montante de recursos destinado ao setor de publicidade do governo de Mato Grosso do Sul. Engenho Novo, uma empresa com sede em Salvador, na Bahia, com raízes recentes plantadas em terras guaicurus, e a 80-20, com sede em São Paulo, abocanham os milhões de reais do Governo e escolhem a dedo quais serão os maiores beneficiados com o as melhores parcelas do “bolão midiático”.
As empresas, enquanto estabelecimentos comerciais, fazem seu papel, mas só o fazem porque quem comanda o setor que deveria se preocupar com a imagem do Governo do Estado e do governador Eduardo Riedel (PSDB) é o deputado estadual licenciado Pedro Arlei Caravina (PSDB). Ele faz e desfaz como quer na Secretaria de Estado de Governo e Gestão (Selog).
Por sinal, pelo fato de Caravina estar dotado de super poderes já há movimentações nos meios políticos com a finalidade de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a forma com que a grana do marketing do governo estadual está sendo distribuída entre os veículos de comunicação impresso (ainda existem alguns), televisado, radiofônico e online, além de outros meios menos tradicionais, como os painéis eletrônicos espalhados por Campo Grande pelas cidades do interior do Estado.
Pouco conhecida em Mato Grosso do Sul, a Agência Engenho Novo pertence a um empresário que está no comando da distribuição da verba publicitária entre as empresas de comunicação do Estado.
Conhecido por Tiquinho (diminutivo derivado de Francisco), há informações de que, em apenas um mês, a agência dele próprio se encarregou de fatiar e destinar mais de R$ 500.000,00 entre os meios de comunicação sul-mato-grossenses.
Como as agências que intermediam o setor de marketing de órgãos públicos amealham 20% dos valores repassados às empresas de comunicação, só nesse mês de colheita farta a Engenho Novo teria faturado a título de “Comissão de Agência” a bagatela de R$ 100.000,00, sem ser levado em conta o salário que ele recebe como servidor comissionado da Secretaria de Estado Governo e Gestão comandada pelo super xerife Pedro Caravina.
INCÔMODO – O superpoder conquistado por Arlei Caravina, por outro lado, tem irritado até mesmo o governador que, por ser homem de uma educação quase franciscana, tem engolido sapos e suportado a presença do ex-prefeito de Bataguassu na sua antessala.
Porém, a situação começa a ficar vexatória, pois Caravina estaria ditando regras até mesmo para a definição de órgãos de imprensa que Eduardo Riedel vai atender.
Há informações de fontes seguras dando conta de que a entrevista que Riedel concederia ao programa “Bronca do Eli”, na semana passada, no estúdio da Diamante FM, com retransmissão simultânea para as seis demais rádios do Grupo Impacto Mais, em MS e em São Paulo, foi cancelada porque Caravina teria batido o pé e praticamente proibido o governador de falar ao radialista Eli Sousa.
Caravina considera Eli Sousa seu inimigo mortal porque o radialista apoiou a candidatura do atual prefeito de Bataguassu Akira Otsubo (MDB) que derrotou o esquemão de sangria desatada da economia que imperou por oito anos na prefeitura bataguassuense.
Porém, o incômodo enfrentado por Eduardo Riedel acaba gerando uma segunda dor de cabeça que não tem Cibalena ou Novalgina 1 g que resolva.
Pois, se, por um lado, está a urgente necessidade de despachar Caravina de volta para a Assembleia Legislativa, por outro lado, estão os deputados estaduais que têm dado total respaldo à administração estadual, mas que não querem ver a cara de Caravina nem pintada de ouro nos corredores da Alems.
O terceiro problema para a resolução dessa equação que parece misturar matemática financeira, química e física quântica é que os deputados não podem recusar o retorno de Caravina à Assembleia Legislativa, pois ele foi constitucionalmente eleito e se o governador optar por fazer uma rápida reformulação no seu time do primeiro escalão e cortar o mal pela raiz, os nobres parlamentares terão de engolir Caravina na Casa e chamá-lo de excelência, pronome de tratamento que não lhe cabe como secretário de estado, embora digam que ele adora assim ser distinguido.
Quanto à Agência 80-20 é assunto para uma próxima reportagem.