Projeto “Fortalecer para Cuidar” do MPMS encerra 1ª fase com escuta ativa na Reserva Indígena Te’yikue
O Projeto “Fortalecer para Cuidar”, idealizado pela 1ª Promotoria de Justiça de Caarapó, encerrou a primeira fase de atividades, nesta quinta-feira (3), com a realização da terceira escuta ativa, desta vez, no CRAS Indígena Ñandejara, da Aldeia Te’yikue, em Caarapó. A comunidade abriga mais de sete mil pessoas.
Com foco na escuta ativa, prevenção e proteção das mulheres indígenas da comunidade Te’yikue, que abriga mais de sete mil pessoas, a Promotora de Justiça Fernanda Rottili Dias, promoveu diálogo sobre enfrentamento à violência doméstica e fortalecimento da rede de proteção.
As ações foram realizadas em três regiões macro da aldeia – Nhandejara, Bocajá e Saverá, e atenderam ao todo mais de 240 mulheres. Durante os encontros, foram realizadas palestras e rodas de conversa conduzidas por profissionais da rede de atendimento.
Durante o encerramento desta primeira fase, a psicóloga Araíndia Pires abordou, em Guarani, o tema da violência doméstica, promovendo uma escuta sensível e acessível às mulheres presentes. Em seguida, a indígena Renata Castelão compartilhou informações sobre o projeto da Casa de Culturas que será implantado na reserva, reforçando a importância do fortalecimento da identidade cultural como ferramenta de proteção e autonomia.
A terceira escuta contou com a presença da Prefeita Municipal de Caarapó, Maria Lurdes Portugal. Também participaram a Coordenadora do CRAS Indígena, Luciene Cavalheiri Vieira, a Defensora Pública Karina Figueiredo de Freitas, e a Secretária Municipal de Assistência Social, Katia Regina Murakami Baratelli.
Escuta qualificada
As mulheres presentes relataram diversos desafios enfrentados no contexto da violência doméstica, como ameaças de ex-companheiros, ausência de fiscalização das medidas protetivas, consumo abusivo de álcool e drogas nas aldeias, e a falta de atendimento adequado por parte dos órgãos de proteção, incluindo a ausência de intérpretes e de atuação efetiva do Conselho Tutelar.
Dúvidas sobre pensão alimentícia e os procedimentos para denúncia também foram esclarecidas pelas autoridades presentes.
O Capitão da Reserva Indígena Te’yikue, Anisio da Silva, destacou a necessidade de orientação para os homens da comunidade e reforçou o pedido de maior presença do Conselho Tutelar na região.
A Defensora Pública Estadual e Sesai também contribuíram com esclarecimentos sobre direitos, saúde mental e medidas de proteção.
O terceiro encontro foi encerrado com sorteio de cobertores doados para as mulheres indígenas, entrega de camisetas para os integrantes do projeto, lanche e momento de confraternização. Roupas, calçados e outros itens arrecadados foram deixados no CRAS Indígena para posterior distribuição às famílias.
“Em todas as edições, o foco foi ouvir, orientar e fortalecer as mulheres indígenas no enfrentamento à violência doméstica, promovendo o diálogo entre comunidades e instituições. Como próximo passo, será promovido um encontro voltado aos homens indígenas, com o objetivo de ampliar a sensibilização e o compromisso com a construção de relações mais justas e seguras dentro das comunidades”, pontua a Promotora de Justiça.
O Projeto “Fortalecer para Cuidar” reafirma, com essa primeira etapa concluída, seu compromisso no combate à violência doméstica e o fortalecimento da rede de proteção às mulheres indígenas.
Também participaram representantes da Comissão da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, da Secretaria Municipal de Educação, Sesai, Creas, Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Polícia Civil, bem como profissionais técnicos da rede de apoio e agentes comunitários de saúde.
A Promotora reitera que, já no primeiro encontro, as mulheres indígenas revelaram medo de denunciar agressores devido à distância da cidade, falta de transporte e dependência financeira. Relataram violência, consumo excessivo de álcool e pouca atuação da polícia e do Conselho Tutelar, considerando o baixo efeitivo das equipes. Segundo ela, o trabalho na aldeia está apenas começando, mas já foram firmadas boas parcerias.
Confira os locais das ações:
1ª escuta ativa: Escola Região Loide – 04 de junho de 2025 – mais de 60 mulheres
2ª escuta ativa: Escola Bocajá – 12 de junho de 2025 – cerca de 50 mulheres
3ª escuta ativa: CRAS Indígena – 03 de julho de 2025 – cerca de 130 pessoas
Grupo de Atuação
Além do MPMS, integram o grupo de atuação: Cras Indígena, Setor de Psicologia da Escola Nhadejara Polo, Coordenação de Educação da Aldeia Te’yikue, Coordenação da Escola Yvy Poty da Aldeia Te’yikue, Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Secretária Municipal de Assistência Social de Caarapó, 2ª Companhia Independente de Polícia Militar de Caarapó, Coordenação de Políticas Públicas para as Mulheres de Caarapó, Atenção Básica de Saúde Municipal, Delegacia de Polícia Civil de Caarapó, Coordenação Técnica da Funai, em Caarapó, e Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.
Redação: Impacto Dakila – Mirtes Ramos
Fonte: Danielle Valentim
Foto: Decom