Cientistas políticos afirmam que a candidatura de Azambuja altera quadro político
O ex-governador é o “plano B” caso seja necessário substituir o deputado Beto Pereira na disputa pela Prefeitura de Campo Grande em 2024
Presidente do PSDB em MS, Azambuja pode ser candidato a prefeito – DIVULGAÇÃO
DANIEL PEDRA
A possibilidade de o PSDB lançar o ex-governador Reinaldo Azambuja, atual presidente estadual da legenda em Mato Grosso do Sul, em substituição ao deputado federal Beto Pereira na disputa pela Prefeitura de Campo Grande nas eleições municipais do próximo ano deve provocar uma alteração completa no quadro político para o pleito.
A avaliação é dos cientistas políticos Tércio Albuquerque e Daniel Miranda, que aprovam a mudança, porque essa alternativa vai gerar uma nova visão de desenvolvimento para Campo Grande, com um apoio incondicional da administração do governador Eduardo Riedel.
“Sem dúvida nenhuma, essa é uma possibilidade que muda todo o quadro político de Mato Grosso do Sul. Consideremos que os outros candidatos já mostraram dificuldade em outras eleições, Reinaldo Azambuja, agora, está em um ponto interessante da vida pública, pela maturidade política que ele adquiriu na condição de governador e pelo que fez nos últimos meses da sua administração”, pontuou Albuquerque.
Para ele, o ex-governador teve uma ascensão no quesito de aceitação pública no Estado, que contribuiu para fazer o seu sucessor, um fato inédito em Mato Grosso do Sul. “E o que é importante a gente observar é que, se o PSDB conquistar a Prefeitura de Campo Grande com Reinaldo, a reeleição de Riedel está mais do que garantida”, argumentou.
O cientista político assegurou que isso também deve interferir diretamente em Dourados, onde já há uma força política do PP. “Enfim, a entrada de Reinaldo Azambuja na disputa provocará uma reviravolta importante, e acredito que Beto Pereira não vai conseguir viabilizar sua candidatura, porque ele não tem a expressão política que tem Reinaldo. Não vamos nos esquecer que o PSDB ainda tem a máquina pesada do governo em mãos, a qual está indo muito bem, obrigado, o que deve ajudar ainda mais na candidatura de Azambuja”, citou.
Tércio Albuquerque avaliou que a possível aliança de Reinaldo Azambuja com a senadora Tereza Cristina (PP-MS) para a conquista da cadeira de prefeito da Capital é uma sacada de gênio.
“Com toda a certeza, a Tereza Cristina vai achar muito interessante essa parceria, porque a partir daí ela consegue se consolidar também como uma figura política importante no Estado. Afinal, ela não terá confrontos diretos nem com Riedel nem com Azambuja, então realmente vai ser muito importante acompanhar esse momento político do Estado”, detalhou.
OUTRA VISÃO
Apesar de dizer que a entrada de Reinaldo Azambuja na corrida pela Prefeitura de Campo Grande mudará o quadro político, o cientista político Daniel Miranda não acredita nessa possibilidade.
“Isso me parece disputa interna no PSDB, em que algum grupo não deve estar alinhado com a candidatura ou com o grupo do Beto Pereira e, por isso, lança esse ‘balão de ensaio’ para pressionar o parlamentar, não a desistir da candidatura, mas a ceder alguma coisa em negociações políticas”, afirmou.
Do ponto de vista da estratégia eleitoral, para ele, de fato, um acordo Reinaldo Azambuja-Tereza Cristina, que retirasse a prefeita Adriane Lopes (PP) do páreo, muito provavelmente colocaria o ex-governador, no mínimo, no 2° turno das eleições municipais de 2024.
“Esse compromisso de o Reinaldo ficar apenas dois anos para que o PP garantisse sua posição na prefeitura por mais dois anos também parece plausível, dado que foi exatamente o acordo que o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) fez com Adriane e cumpriu”, disse.
O cientista político, entretanto, ressalta que a dúvida seria se Adriane Lopes e seu grupo aceitariam essa costura política tão pacificamente.
“Quanto ao nome do Beto Pereira decolar ou não, se isso fosse critério dentro do PSDB, o Riedel nem teria sido lançado, pois ele nunca liderou nenhuma pesquisa de intenção de voto no ano passado. O governador só começou a aparecer brigando pelo 2° turno mais para o fim da disputa, e isso dependendo da pesquisa, pois tinham levantamentos em que ele nem aparecia”, argumentou.
Daniel Miranda ressaltou que essa história de “vamos dar um tempo para verificar se o candidato decola ou não” é uma pressão de um grupo rival dentro do partido. “Me lembrei da candidatura do Edson Giroto em 2012, porém, o então governador André Puccinelli controlava o MDB com mãos de ferro e, com pesquisa ou sem, o cabeça de chapa foi ele”, relatou.
Para ele, quando o partido está unido ou tem liderança forte, não tem muito isso de “fazer pesquisa”. “Digo isso não para tirar a credibilidade das pesquisas, pelo contrário, tal argumento é usado nas guerras internas, que utilizam resultados de levantamentos só quando lhes beneficiam”, finalizou.
CORREIO DO ESTADO