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Vereador vira gerente de fazenda no Paraguai, mas mantém cargo na Câmara com pedidos de licenças mensais

O vereador de Porto Murtinho Jary Brum Acosta Junior, do PP, acertou um “trabalho extra” em uma fazenda no Paraguai, com um bom salário, mas não quer perder o cargo e o vencimento que a função de vereador lhe proporciona.   

Assim, o vereador Jary se afastou de suas funções na Câmara Municipal no dia 29 de agosto, alegando motivos particulares. Ocorre que, no dia 29 de setembro, ao invés de reinvestir de suas funções no Legislativo, ele pediu um novo afastamento à Mesa Diretora sob a mesma alegação: MOTIVO PARTICULAR.

Quem pensava que Jary retomaria suas atividades legislativas em novembro, se enganou redondamente.

Ele apareceu na Câmara Municipal, participou da primeira sessão do mês e literalmente “tomou Doril!”.

Jary simplesmente desapareceu da Câmara Municipal.

MORANDO NO PARAGUAI – A verdade é que na cidade de Porto Murtinho todo mundo está sabendo que o vereador Jary está trabalhando e morando em uma fazenda no país vizinho, onde exerce o cargo de gerente.

O Regimento Interno da Câmara Municipal registra que um vereador no exercício da função não pode faltar a cinco sessões consecutivas, sob pena de ter o mandato cassado.

Mas, o vereador Jary acha que é mais esperto do que seus colegas.

Ele se valeu inicialmente dos pedidos de licenças, forjados em suposta necessidade de atender a motivos particulares já sabendo que em dezembro teria início o recesso parlamentar e a Câmara só retomaria as atividades no começo de fevereiro do ano que vem.

Com isso, ele ganha mais dois meses de sobrevida recebendo salários de vereador e o bom salário que normalmente recebe um gerente de fazenda seja no município de Porto Murtinho ou em qualquer localidade do Departamento do Alto Paraguay.

O vereador anda tão manso que no último dia 25 aconteceu um seminário de vereadores em Ponta Porã, promovido pela UCVMS, e Jary pegou três diárias referentes aos dias do seminário, só que ele não participou de nenhuma das importantes palestras realizadas, inclusive, uma delas ministrada pelo presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul, conselheiro Jerson Domingo.

Embora prefiram o anonimato, alguns vereadores afirmam que nunca viram situação como a verificada atualmente em Porto Murtinho que paga salário a 11 vereadores, mas apenas 10 participam das sessões.

Integrantes da Comissão de Ética já teriam reunido farta documentação para municiar um possível pedido de cassação de mandato do vereador.

Um dos motivos seria ele ter se mudado de Porto Murtinho e ter domicílio atualmente em território paraguaio e não mais no município pelo qual foi eleito.

O pedido de licença o ampara apenas em relação ao artigo do Regimento Interno que fala das cinco faltas contínuas, porém, não o exime do fato de ter arrumado afazer remunerado em território paraguaio.

CUSTO ALTO – Nesses quatro meses que passará sem fazer nada em prol da sociedade murtinhense, o vereador Jary terá um custo bastante elevado. Ele vai receber dos cofres públicos, mesmo morando em outro país, além de cerca de R$ 3.800 equivalentes a diárias concedidas pelo financeiro da Câmara, mais R$ 31.200,00 referentes a quatro meses de salário mensais de R$ 7.800,00 (novembro, dezembro, janeiro e fevereiro) a que o vereador faz jus.

TERNO ENGOMADO – Nas rodinhas de conversas sobre o dia a dia da política murtinhense, o entendimento generalizado é de que o primeiro suplente do DEM*, Flávio Abreu pode engomar o paletó da posse, uma vez que muito dificilmente o vereador Jary terá argumentos para escapar da cassação.

* O vereador Jary foi eleito pelo DEM, partido que deixou de existir, motivo pelo que ele se filiou ao PP sem enfrentar problemas de fidelidade partidária.    

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