9 de novembro de 2024

A literatura cabocla de Everaldo Gonçalves

Coletânea de quatro contos expõe visão de geólogo marxista crítico da mineração pela simples usurpação da Natureza e aproveitamento do capital pronto.

O livro O fetiche do ouro e a pedra milagrosa na filosofia caipira apresenta uma versão acurada do professor Everaldo Gonçalves sobre o garimpo de ouro no Brasil. Em seus contos, o materialista resgata a história do mineral desde o século XVIII, o extrativismo nas Minas Gerais, até os dias atuais, de garimpo criminoso na Amazônia.

Ex-professor da USP e da UFMG, ele mergulha em suas lembranças de menino na localidade paulista onde nasceu, Iracemápolis, em 1944. Da região em que havia única indústria de cana-de-açúcar, a Usina Iracema, o autor traz o “dialeto caipira”, o “caipirês”, falado pelos antigos habitantes do então distrito de Limeira.

Nestes textos há um pouco da vida do experiente profissional e de sua caminhada, por boa parte do território nacional e alguns países, pois “a Geologia entra pelos pés e daquilo que eu vi já posso contar”, comenta o autor, que escreveu os contos ao longo da vida adulta.

Ateu convicto e materialista por formação científica, o geólogo entrega em “O Conto do Vigário dos Sinos”; “Garimpeiro Maluco”; “A Pedra de Drummond”; e “A Pedra Milagrosa na Filosofia Caipira” um relicário de preciosidades econômicas, históricas, sociais e linguísticas.

As sonhadas esmeraldas do “caçador” Fernão Dias são
um mistério semelhante aos ligados às outras pedras que seriam
aqui descobertas e produzidas. As lavras de pedra gema em geral são desorganizadas, na forma de garimpos, que segundo os que se
dedicam a essa vida de ilusão de tirar o que não guardou:
o garimpo dá e tira, pois traz de volta, na mesma cava ou em outra, quando não a de sepultura, o dinheiro ganho na facilidade.
(O fetiche do ouro e a pedra milagrosa na filosofia caipira, p. 66)

Nas pegadas de Amadeu Amaral de O Dialeto Caipira, Everaldo Gonçalves estende a exploração linguística ao apresentar um glossário caipirês de A a Z. “Amarrá”, “coroner”, “andá”, “trabaiá” se intercalam com explicações sobre quem é Aristóteles, Charles Darwin ou Karl Marx, entre tantas definições que esclarecem o conto final.

O jornalista João Teixeira comentou bem e resumiu o livro O fetiche do ouro e a pedra milagrosa na filosofia caipira, “Everaldo Gonçalves chega maduro à literatura cabocla carregando pepitas literárias”. Uma verdadeira joia rara para geólogos, estudantes, economistas, sociólogos, filósofos, linguistas ou, apenas, amantes de uma boa leitura crítica da sociedade capitalista.

FICHA TÉCNICA
Título: O fetiche do ouro e a pedra milagrosa na filosofia caipira
Autor: Everaldo Gonçalves
Páginas: 140
ISBN: 9786558723684
ASIN: B0BWC31TVB
Formato: 15 x 21 cm
Preço: R$ 24,90 (eBook) | R$ 49,90 (físico)
Link de venda: Amazon (eBook), Clube de autores (físico)

Sobre a autor: Everaldo Gonçalves é geólogo desde 1969, foi presidente do Cepege (Centro Paulista de Estudos Geológicos), presidente da AGESP (Associação Profissional dos Geólogos do Estado de São Paulo). Foi professor da Universidade de São Paulo e da Universalidade Federal de Minas Gerais, secretário executivo do Cogemim (Conselho Estadual de Geologia e Mineração do Estado de São Paulo), diretor da Eletropaulo e presidente da CPFL – Cia Paulista de Força e Luz.

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