Pesquisador diz ter localizado ponte que aparece no quadro “Mona Lisa”
GZH
O pesquisador italiano e presidente do Comitê Nacional de Valorização dos Bens Históricos, Culturais e Ambientais, Silvano Vincet, conduziu uma pesquisa sobre onde estaria localizada a ponte desenhada por Leonardo Da Vinci no lado direito do quadro “Mona Lisa”. As informações são da agência de notícias Ansa.
Segundo a tese, a imagem seria da Ponte Romito, que fica situada na província italiana de Arezzo, a 218,1 quilômetros de Roma. O estudo contraria outros já lançados que consideravam as hipóteses da figura retratar a Ponte de Buriano, também localizada em Arezzo, ou a Ponte Medieval de Bobbio, na província de Piacenza.
— Eu também defendia a tese da ponte de Buriano, mas hoje não tenho mais dúvidas: a pintura mostra a ponte etrusca-romana de Romito — afirmou Vincet, em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (3), na Associação de Imprensa Estrangeira em Roma, para apresentar os resultados da pesquisa.
Silvano também reiterou que há estudiosos que acreditam que a paisagem retratada na obra não faça referência a locais existentes, o que, segundo ele, é uma visão equivocada.
— Um erro comum é pensar que Leonardo pintasse visões fantásticas. Na Mona Lisa, sim, mas não na paisagem — explicou.
Elementos que explicam a tese
Para buscar a resposta para a dúvida gerada desde o início dos anos 1500, época em que Da Vinci pintou o quadro, e que persiste há mais de 500 anos, Vincet consultou documentos históricos. Um deles é da família Médici, encontrado nos arquivos de Estado de Florença, que mostrava o projeto da ponte no período referente ao que está representado no quadro.
Segundo o documento, a ponte era composta de quatro arcos, bem como foi retratado na pintura e diferente de Buritano e Bobbio.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo italiano, a ponte estava em pleno funcionamento nos primeiros anos do século 16, era frequentada por muitas pessoas e servia como um atalho que permitia encurtar em muitos quilômetros o percurso entre Arezzo e Florença. Da Vinci, que nessa época morava no Vale do Rio Adorno, que cruza Toscana, também a utilizava.
— Economizar tempo permitia a Leonardo estudar mais. As pontes de Bobbio e Buriano, por sua vez, têm mais de seis arcadas e se apoiam em terrenos planos — ressaltou o pesquisador.
Outro elemento que reforça a hipótese apresentada por Vicent é a observação do traçado sinuoso do rio Arno no quadro, que é típico das representações dos rios que ficam aos arredores da região de Laterina.
— A forma distinta do Arno ao longo desse trecho de território corresponde ao que Leonardo retratou na paisagem à esquerda da mulher retratada na famosa pintura — declarou
O pesquisador ainda consultou imagens feitas por drones, que mostraram como a ponte está atualmente para que ele pudesse tentar identificar traços que já estavam presentes na época da pintura. A partir disso, fez reconstruções virtuais
Em alguns documentos, Silvano descobriu hábitos da rotina de Da Vinci e leu relatos de que o pintor passava bastante tempo em Fiesole, cidade que fica situada nas colinas acima de Florença.
Como está a ponte atualmente
Atualmente, a ponte está em ruínas. Somente um dos seus quatro arcos resistiu à passagem do tempo. Durante a coletiva de imprensa, Simona Neri, prefeita de Latrina, falou sobre os planos de reivindicar a ponte para atrair a visita de turistas na cidade de 3,5 mil habitantes.
— Esperamos sinceramente que esta maravilhosa notícia intrigue e encante os turistas locais e estrangeiros, sabendo que será uma grande oportunidade para relançar o turismo em nosso território, onde muitos podemos trabalhar a partir da valorização natural, cultural e monumental — declarou a prefeita.
Simona também ressaltou que pretende juntar uma quantia para promover o restauro da ponte.
— Precisamos tentar proteger o que resta da ponte, o que exigirá financiamento — acrescentou.
