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Campo Grande vive um apagão na administração, afirma Pedrossian Neto

Deputado estadual pelo PSD, o economista Pedrossian Neto tem 43 anos e está no seu 1º mandato legislativo. Ex-secretário municipal de Finanças e Planejamento na gestão de Marquinhos Trad, Neto chegou a anunciar sua pré-candidatura a prefeito no final de 2023, mas uma decisão partidária acabou mudando o cenário. “O partido achou que nós deveríamos apoiar outra candidatura que tivesse mais força. Essa é uma circunstância da vida política”, disse o deputado em entrevista para o jornalista Eli Sousa.

“Eu iniciei em 2023. Nós estamos falando de um ano e cinco meses, aproximadamente, de mandato. Então, é um mandato novo. Talvez o nosso foco agora seja consolidar o mandato, trabalhar mais, se tornar mais conhecido, ganhar mais musculatura política para que, num segundo momento, a gente possa fazer esse enfrentamento. Mas isso não nos impede de ter opiniões com relação ao pleito eleitoral aqui de Campo Grande. Eu, como campo-grandense nato, que conheço bem a realidade daqui, sei a necessidade de nós fazermos um enfrentamento político dos grandes temas aqui da Capital, porque, infelizmente, Campo Grande vai muito mal”, destaca Neto.

Segundo ele, a Cidade Morena vive uma espécie de apagão na administração. “Um apagão de gestão, uma gestão onde falta criatividade, falta diálogo, seja com o Governo do Estado, seja com o Governo Federal. Por exemplo, recentemente, o Governo Federal lançou um edital do Minha Casa Minha Vida com mais de 3 mil unidades para Campo Grande. Sabe quantas casas vieram para cá? Nenhuma. Aí se você for olhar, a prefeitura não apresentou nenhum projeto, portanto, não foi agraciada com essas novas casas. Mas Campo Grande não está precisando de casa?”, questiona o deputado.

“Se você for lá na fila da EMHA, você vai ver a quantidade de pessoas que estão aguardando por uma unidade habitacional. Campo Grande tem hoje quase 40 favelas. Então, nós precisamos desesperadamente desse tipo de recurso. E quando você vê que uma prefeitura não recebeu porque não apresentou, porque não tem diálogo com o Governo Federal, eu acho que, independentemente de partido, quando alguém se torna prefeito de uma cidade, tem que colocar o interesse da sua cidade acima dos interesses político-partidários e conversar com quem quer que seja. Quer ajudar Campo Grande? Quer trazer recurso para Campo Grande? Independentemente do partido, você tem que dialogar”, aponta.

“Por exemplo, erros administrativos que chamam muito a nossa atenção. Eu sou deputado estadual e na ocasião que houve aquela crise lá na comunidade do Mandela, todo mundo acompanhou isso. É uma comunidade de extrema vulnerabilidade, o pessoal numa situação de pobreza, de degradação, com barracos, e pegou fogo na favela. Então o Governo do Estado fez um projeto de lei autorizando a Agehab a repassar um recurso para a EMHA, para a construção de casas. Se isso acontecesse, os mutuários que recebessem aquela casa não precisariam pagar mais parcelas por ter recebido aquela casa. Uma coisa extraordinária, justiça social”, frisa Neto, revelando que a prefeitura recusou o recurso.

“Muitas daquelas famílias não têm condição de pagar nada. Mas você acredita que a prefeitura recusou o dinheiro? Eles disseram que já tinham o dinheiro. Pelo amor de Deus. O orçamento de uma cidade como a nossa, é grande, já está chegando a quase R$ 6 bilhões. A quantidade de desafios que nós temos em Campo Grande é imensa, então o prefeito não pode recusar dinheiro. Qualquer recurso que venha é bem-vindo. Nós não podemos fechar as portas. E por que fechou as portas? Porque não queria dar o ganho político. Imagina que visão, achar que a construção de casas para famílias afetadas por um incêndio numa favela, é uma questão política. Isso é um erro administrativo e quem está pagando é Campo Grande”.

Questionado sobre o caixa da prefeitura quando deixou o cargo de secretário de Finanças, ele diz que o montante era de R$ 892 milhões. “Quando assumimos a prefeitura, em janeiro de 2017, que veio da gestão do Bernal, nós tínhamos quase R$ 300 milhões em salários atrasados. Era a folha de dezembro e o décimo terceiro que também não tinha sido pago. Então a gente já chegou na administração com salários atrasados. Os hospitais em atraso, as construtoras em atraso, sem merenda, sem medicamento, etc. Um problema muito grande. No dia em que eu saí da Prefeitura, deixei em caixa, em 2 de abril de 2022, R$ 892 milhões”.

Conforme Neto, do total, quase R$ 400 milhões eram para livre movimentação, incluído o décimo terceiro. “Nós tínhamos mais de R$ 100 milhões disponíveis no Fundo Municipal de Saúde para livre movimentação. Mais de R$ 30 milhões em recursos dentro da Assistência Social. Mais de R$ 60 milhões no Fundeb, mais de R$ 70 milhões na Cosip. E, tão importante quanto isso, os recursos que nós deixamos de financiamento para uma série de obras, superiores a R$ 1 bilhão. Na verdade, não está sobrando dinheiro. Nós deixamos Campo Grande com condições de caminhar, com condições de crescer”, frisa o entrevistado.

“Mas, dentro de uma prefeitura, tão importante quanto a questão do recurso financeiro, você precisa de criatividade, você precisa de gestão, você precisa tomar decisão, apontar caminhos para uma cidade”, acrescenta.

Confira a entrevista completa:

Da Redação

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