Conferência elege delegados que representam a pluralidade da cultura de MS
Fotos: Ricardo Gomes
Paula Maciulevicius
Mato Grosso do Sul encerrou a IV Conferência Estadual de Cultura com a eleição de delegados que representam a pluralidade de um Estado construído a muitas mãos, costumes e histórias. Serão 40 titulares que vão levar as propostas regionais para Brasília na Conferência Nacional, prevista para ser realizada em março de 2024.
A votação se iniciou com a eleição das cotas previstas em regimento para garantir a representatividade mínima de povos indígenas, pessoas com deficiência, população LGBTQIA+ e negros.
“Estabelecemos a cota mediante o percentual da população existente no Estado pelo levantamento feito pelo IBGE. E eles têm representação não como cota, e sim como delegado do Estado”, explica o presidente da comissão organizadora da IV Conferência Estadual, Silvio Lobo.
Delegados eleitos:
Indígenas
Emerson Fernandes, Nhandeva – Japorã
Pedro Luiz, o cacique Terena Pedro Lulu – Aquidauana;
Pessoas com Deficiência
Arturo Ardaya – Corumbá
Mirella Ballatore – Campo Grande
População LGBTQIA+
Felipe Sampaio – Dourados;
Sarah Garcia Ferreira – Rio Brilhante;
População Negra
Karina Caetano – Corumbá
Márcia Gonçalves – Costa Rica
Romilda Pizani – Campo Grande
Atendendo a uma solicitação dos participantes, a comissão organizadora colocou em votação e foi aprovada a regionalização na eleição dos delegados de ampla concorrência, justamente para que houvesse representantes de cada região de Mato Grosso do Sul.
Ainda nesta terça-feira (21), a plenária decidiu dividir o Estado em cinco regiões: Central, Conesul, Costa Leste, Pantanal-Bela Vista e Norte para a eleição dos delegados.
Desta forma, foram eleitos os seguintes delegados da área Governamental:
Central
Vitor Samudio – Campo Grande
Gabriel Henrique Lima – Aparecida do Taboado*
Rosicleia Pulcherio – Naviraí*
*Como não houve candidatos além de Vitor Samudio representando o setor governamental pela região Central, a comissão organizadora propôs e o plenário aceitou conceder as duas vagas remanescentes para os suplentes que tiveram maior votação dentro das regionais governamentais, o que tornou Gabriel Henrique Lima, de Aparecida do Taboado, e Rosicleia Pulcherio, de Naviraí, delegados pela região central.
Conesul
Alessandra Tavares – Amambai;
Joana D’Arc – Itaquiraí;
Costa Leste
Heriksen Plesley – Três Lagoas;
Jurema Nogueira – Água Clara;
Norte
Girsel Lima de Assis – Camapuã;
Sidney Afonso Sobrinho – Camapuã;
Pantanal-Bonito
José Gilberto Rozisca – Corumbá;
Raquel Xavier – Bela Vista;
Quanto aos delegados da sociedade civil, foram eleitos:
Central
Ângela Montealvão – Campo Grande
Jander de Souza Gomes – Terenos
Karla Melo – Campo Grande
Valter Souza da Silva – Campo Grande
Conesul
Ednaldo dos Santos – Itaquiraí;
Gicelma Chacarosqui – Dourados;
Igor Matheus – Naviraí;
Zenilda Marques – Caarapó;
Costa Leste
Ana Flávia de Oliveira – Nova Andradina;
João Barbosa – Aparecida do Taboado;
Rafaela Moraes Penha – Nova Andradina;
Roger Taveira – Ribas do Rio Pardo
Norte
Ariane Rodrigues – Camapuã
Fátima Silmara – Sonora
Paulo Carvalho – Coxim
Ricardo Porto – Coxim
Pantanal – Bonito
Dario Neto – Corumbá
Márcia Rolon – Corumbá
Marcos Antunes – Bela Vista
Mayara Martins – Aquidauana
Representatividade
No momento em que foi eleita delegada que vai representar Mato Grosso do Sul na Conferência Nacional, a produtora cultural Márcia Gonçalves fez questão de fazer uma chamada de vídeo para contar a novidade à filha.
“Fiquei muito feliz de poder representar o interior, o Norte do Estado, a cidade de Costa Rica. Queremos levar propostas boas e mostrar o interior para o Brasil, e que este interior tem voz. Foi um momento de êxtase para mim”, narra.
De Corumbá, Dário Neto, também eleito delegado, explica que a mobilização das conferências municipais junto aos movimentos sociais ligados à cultura provocou a pluralidade da delegação que vai a Brasília.
“O resultado da eleição traduziu muito bem isso e evidenciou esta participação da sociedade civil que tem um compromisso com a cultura do Estado, sobretudo uma cultura plural, diversa e rica. Mato Grosso do Sul tem culturas ricas, muito importantes, muito nossa, e acho que a gente vai para a conferência com essa representação da riqueza, diversidade, e com muita força e muito compromisso”.
Diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Edu Mendes, agradeceu todo o esforço dos fazedores de cultura, gestores, produtores e colaboradores do Governo do Estado.
“Temos muito o que avançar, melhorar, e também dividir a responsabilidade com a sociedade civil. Agradecemos aos municípios que estiveram aqui, e todo esforço para realizar o maior número possível de conferências municipais foi o que trouxe essa participação maciça do interior para a Conferência Estadual”.
Para a delegada que representa as pessoas com deficiência, Mirella Ballatore, apesar da pluralidade e transversalidade que habita a cultura, ainda é preciso que as conferências ouçam, discutam e pontuam os direitos de todos.
“Enquanto PCD a gente tem o direito de integrar qualquer evento cultural, seja da feira da esquina ao grande festival, e a gente sabe que os locais não são acessíveis. Precisamos ter lugar de fala e representatividade. Eu vivo nessa cadeira há 60 anos, por isso que a representatividade minha e do Arturo Ardaya [delegado PCD eleito] é extremamente importante para que deixemos de ser invisíveis para nos tornar protagonistas em todos os espaços de direito”.
Secretário de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania, Marcelo Ferreira Miranda encerrou a Conferência Estadual agradecendo a participação de todo o público, em especial do interior do Estado que se dedicou a discutir as políticas públicas para a cultura nestes três dias.
“Queremos desejar aos nossos delegados que representem bem Mato Grosso do Sul e que ajudem a construir este novo momento da cultura no Brasil e aqui no Mato Grosso do Sul, e estamos abertos a críticas, sugestões. Deixo o desafio aqui de termos uma conferência anual para criar este momento de debate, e discussão que é onde a gente cresce juntos”.
Agora a comissão organizadora da IV Conferência Estadual da Cultura passa a ser comissão de avaliação e prossegue o trabalho até o final da aprovação efetiva do que a conferência decidiu, o que inclui o documento final com as propostas para cada um dos eixos a serem levados para a Nacional.