11 de novembro de 2024

Parceria entre Polícia Científica de MS e UFMS impulsiona pesquisa em química forense

Acadêmicos da UFMS durante demonstração no laboratório, sob penumbra e luz totalmente azul. Tal item é utilizado para identificar elementos comprobatórios em crimes.
Fotos: Divulgação

Maria Ester Rossoni

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp), por meio da Polícia Científica, mediante um acordo de cooperação firmado desde 2021 com a Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), está impulsionando significativamente a pesquisa em química forense no estado.

Este acordo visa a conjunção de esforços para implementar e realizar atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, especialmente relacionadas à elaboração de metodologias de análise técnico-científica, bem como o desenvolvimento de atividades práticas para o processo de ensino-aprendizagem nos cursos de pós-graduação oferecidos pelo Instituto de Química da UFMS.

Como resultado desta cooperação, um número substancial de pesquisadores da pós-graduação em química da UFMS e seus grupos de pesquisa estão se beneficiando dos equipamentos disponibilizados pela Polícia Científica. Esses recursos atendem aos pesquisadores do Instituto de Química da UFMS nas áreas de química analítica, química orgânica, eletroquímica e química de materiais.

“Na ciência forense, a parceria contínua com o meio acadêmico é essencial”, pontua José de Anchieta Souza e Silva, coordenador-Geral de Perícias da Polícia Científica de Mato Grosso do Sul. “É através desse intercâmbio de ideias que desenvolvemos novas técnicas e abordagens, fortalecendo assim a busca pela verdade e pela justiça em nosso Estado”.

Brenda, juntamente com professores da banca e peritos criminais durante a defesa do mestrado

De acordo com o perito criminal Evandro Rodrigo Pedão, chefe da Divisão de Química e Toxicologia da Polícia Científica, “os projetos desenvolvidos nesta parceria têm um caráter interdisciplinar, envolvendo pesquisadores de diversas linhas de pesquisa. Isso contribui diretamente para a formação profissional qualificada dos recursos humanos na região sul-mato-grossense, especialmente em uma área de atuação ainda pouco explorada no estado. Outro detalhe do termo de cooperação é que nós, da Polícia Científica, também podemos usar os equipamentos da universidade, que são equipamentos de ponta, de última geração, importantes sob a ótica pericial”.

Essa colaboração visa não apenas fortalecer a pesquisa em química forense no estado, mas também ampliar o escopo das investigações relacionadas à análise de resíduos químicos e composição de substâncias consideradas entorpecentes.

Dada a importância estratégica de Mato Grosso do Sul como rota para o tráfico ilegal de drogas, armas e cigarros do Paraguai, bem como para o contrabando de agrotóxicos, é imperativo desenvolver metodologias capazes de identificar essas substâncias e contribuir para a segurança pública.

Os frutos desse acordo de cooperação são evidentes: até o momento, foram publicados inúmeros trabalhos em revistas científicas, além de 5 trabalhos de conclusão de curso, 3 teses de mestrado, 1 tese de doutorado, com outros 3 mestrados em andamento e 2 projetos em fase de desenvolvimento.

acadêmicos da UFMS durante demonstração no laboratório

Estudo de caso: impacto tangível na análise forense de cocaína

Um exemplo do impacto dessa colaboração foi a recente defesa de uma tese de mestrado pela pesquisadora Brenda Pache Moreschii.

O estudo abordou as apreensões de cocaína realizadas na rota da BR-262/MS em 2019, determinando parâmetros de validação para o equipamento CG/EM, tais como seletividade, precisão, linearidade, limite de detecção e limite de quantificação. Além disso, os resultados obtidos permitiram relacionar as quantidades de cocaína e de adulterantes (cafeína e lidocaína) presentes nas amostras adulteradas apreendidas ao longo da rota da BR-262/MS, que inclui as cidades de Corumbá, Miranda, Aquidauana, Campo Grande, Ribas do Rio Pardo, Água Clara e Três Lagoas.

O perito criminal Evandro Rodrigo Pedão coorientou a pesquisa.  

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