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HISTÓRIA – O Governo de MS e a metamorfose da borboleta

Eduardo Riedel: governo com cara de governo desde o primeiro dia!

Jota Menon 

Ao iniciar o mandato de governador do Estado em que o cargo lhe foi outorgado pela maioria dos seus eleitores, o biólogo Eduardo Corrêa Riedel inaugura dois fatos políticos sui generis na história política estadual, que se resume a menos de meio século: é a primeira vez que um mesmo partido governa o Mato Grosso do Sul pela terceira vez consecutiva e, ele, é o primeiro governador que, mesmo já se aproximando da metade de seu primeiro ano de gestão, ainda não proferiu uma reclamação sequer contra o antecessor.

Historicamente a política estadual é marcada pela formação de grupos que se digladiam e se alternam no poder.

Os primeiros passos de Mato Grosso do Sul como Unidade da Federação Brasileira foram marcados por disputas entre as lideranças emergentes do fim da década de 1970, com o Estado empossando três engenheiros consecutivamente no cargo de governador nos dois primeiros anos de existência.

Com 43 anos de divisão, MS teve 11 governadores | Notícias de Campo Grande e MS | Capital News
Ao todo MS teve 11 governadores: na ordem do mais recente ao primeiro, temos Reinaldo Azambuja (PSDB), André Puccinelli (MDB), Zeca do PT, Wilson Barbosa Martins (MDB), Pedro Pedrossian (PTB/PSD), Marcelo Miranda Soares (MDB), Ramez Tebet (MDB), Londres Machado (PDS) e Harry Amorim Costa (PDS) – Montagem: Capital News

Primeiro foi o gaúcho Harry Amorim Costa, que ficou menos de seis meses no posto, sucedido pelo mineiro Marcelo Miranda Soares, que ficou governador pouco mais de um ano e meio e, por fim, o primeiro governador nativo, o mirandense Pedro Pedrossian, que já governara o Estado indiviso e concluiu o ciclo de governadores indicados pelo regime militar.

Não precisa ser cientista político para saber que não houve afagos de quem entrou sobre quem saiu e muito menos de quem saiu para o outro entrar.

Desde então, praticamente todos os governadores que se sucederam, iniciaram a administração com lamúrias ante as dificuldades financeiras  encontradas e listando denúncias e mais denúncias contra os antecessores.

Foi assim com Wilson Martins (1983/1986), em relação ao seu antecessor, Pedro Pedrossian. Recebeu dele a máquina administrativa estadual com dívidas contraídas nos dois anos e cinco meses que durou o mandato e com vários meses dos salários dos servidores em atraso.

Ramez Tebet (14/03/86 a 14/03/87) concluiu o mandato de Wilson, que renunciou para concorrer e se tornar senador da República. Logo, a lógica diz que ele não teria porquê e nem tempo para reclamar de quem antecedeu o seu exato um ano como governador do Estado.

Marcelo Miranda assumiu em 15 de março de 1987, nos meses áureos do Plano Cruzado, porém, com o descontrole inflacionário que veio logo depois do período eleitoral em que o PMDB (hoje MDB) elegeu 22 dos 23 governadores de Estado, ele nem teve tempo de culpar o antecessor e, com uma oposição ferrenha nos bastidores, perdeu o comando político, administrativo e financeiro do Estado, terminando de forma melancólica o governo, deixando vários meses de salários dos servidores sem pagar, inclusive o 13º.

Pedrossian assumiu pela terceira vez o cargo de governador e se sentiu no direito líquido e certo de pôr a boca no trombone contra o ex-governador Marcelo Miranda. Porém, parece que erros na política financeira do seu primeiro governo e os muitos problemas encontrados ao tomar posse não lhe serviram de lição e, tal qual em 1983, entregou a Wilson Martins, eleito em 1994 para mais uma vez governar o Estado, um governo cheio de dívidas e, como no passado, com os servidores públicos pagando o pato: meses de salários atrasados.

Se o primeiro governo de Wilson Martins sucedendo Pedrossian marcou o início da concretização de Mato Grosso do Sul como Estado, na segunda vez que sucedeu Pedrossian deu a impressão de que seguiu a cartilha do seu arquirrival: passou a faixa ao surpreendente José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, que, depois de reclamar com razão das dificuldades iniciais, dado o caos administrativo herdado do governo emedebista, acabou se reelegendo e só depois de oito anos o PMDB voltaria ao comando do Estado.

Visualização da imagemAndré Puccinelli foi eleito em 2006 e governou o Estado de 2007 até 2014, promovendo o primeiro ciclo de uma metamorfose que a população do Estado tanto aguardava. Isto tudo, não sem antes praguejar o ex-governador Zeca do PT, a quem creditou todas as mazelas iniciais para administrar Mato Grosso do Sul.

Reinaldo Azambuja chegou ao comando do Estado em 2015, fez alguns pequenos registros de descontentamento com algumas obras inacabadas pelo governo que saiu, mas, mesmo assim, levou adiante um programa denominado “Obra Inacabada Zero” e realmente zerou a fatura quando inaugurou, no último ano de governo, o Bioparque Pantanal, nova nomenclatura do Aquário do Pantanal, a menina dos olhos de Puccinelli.

No cômputo geral, Reinaldo Azambuja governou o Estado por oito anos, tendo ao lado seu amigo de juventude Eduardo Corrêa Riedel, sempre em posições estratégicas.

Não fez muita questão de criticar o antecessor com quem mantém bom relacionamento, apesar de estarem em lados opostos no âmbito político, chegando a convidá-lo para a inauguração do Bioparque Pantanal, hoje o maior monumento turístico da Capital, senão do Estado.

Acima, com o vice Barbosinha: “Ano 1 de um novo ciclo de desenvolvimento” – Abaixo, cumprindo agenda em Brasília – Fotos: Saul Scrhamm

Reinaldo entregou o comando estadual a Riedel com a metamorfose sul-mato-grossense avançando mais uma etapa. Se André foi responsável pelas fases ovo e larva; Reinaldo se encarregou da fase pupa, ou crisálida, e para Riedel ficou a fase adulta ou imago para que a transformação de Mato Grosso do Sul no verdadeiro Eldorado para o qual foi idealizado, se realize e o Estado esteja pronto para receber todos os dividendos que, com certeza, virão com a Rota Bioceânica e do fortalecimento do processo de industrialização, com o qual tanto sonhamos, e que já se faz realidade a partir da silvicultura.

Riedel assumiu no dia 1º de janeiro passado, já está no quinto mês de sua administração e não proferiu uma palavra sequer que possa dar a entender que Reinaldo Azambuja tenha lhe entregado a máquina administrativa com o mínimo entrave que se possa imaginar.

Com o seu jeito prático de administrar a vida privada, ele chega à condição de executivo da vida pública, entra na sala, toma assento na cadeira de governador, chama a equipe de auxiliares e discute as medidas que devem ser tomadas de imediato e, de imediato, começa a colocá-las em prática para que o processo de transformação estadual possa se concretizar.

Visita ao canteiro de obras da Suzano em Ribas do Rio Pardo – Pantanal, Patrimônio do Brasil, orgulho de Mato Grosso do Sul – Fotos: Saul Scrhamm

Nem parece início de administração.

É o primeiro governo que se inicia com cara de governo.

Sem lamúrias e muita ação.

Diante de um momento tão bom para o Estado, já é possível fazer projeções políticas futuras.

Afinal, a temática engloba, também, tempo que partido ficou no poder.

E, caso Eduardo Riedel venha disputar a reeleição e se reeleger em 2026, transformará o PSDB no único partido com quatro governos eleitos pelo povo, e consecutivos. O PMDB/MDB soma cinco administrações alternadas, sendo duas de Wilson Martins, duas de André Puccinelli e uma de Marcelo Miranda, este que foi governador em duas oportunidades, mas a primeira vez, pelo PDS que sucedeu a Arena, partido de sustentação do governo militar. Em seguida vem o PT com os dois governos de Zeca. O ex-governador Pedrossian governou o MS em duas ocasiões, mas por partidos diferentes. O primeiro pelo PDS (hoje PP) e o segundo pelo (PTB). Em 1965, Pedrossian se elegeu governador em antológica disputa com Lúdio Coelho, governando o Mato Grosso uno de 1966 a 1971.

Registrem-se, ainda, dois momentos em que o deputado estadual Londres Machado (na época no PDS) assumiu interinamente o cargo de governador: no período da substituição de Harry Amorim por Marcelo Miranda e na deste por Pedro Pedrossian.

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