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Orientação da OMS sobre dose de reforço é acertada, mas população precisa manter cuidados contra a covid, diz especialista

Grupos de alto risco ainda devem tomar uma dose de reforço ao menos anualmente, segundo a recomendação tomada a nível mundial

a lab worker is seen at the vaccination booth inside a new vaccination center at Lanxess Arena which will open tomorrow to meet increasing demand of boost vaccination in the city of cologne, Germany on Dec 9, 2021 (Photo by Ying Tang/NurPhoto)NO USE FRANCE

No fim de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE), recomendou que a dose de reforço da vacina contra a covid-19 não precisa mais ser aplicada em intervalos periódicos à população em geral. Os reforços da vacina seguem recomendada para grupos que possuem mais riscos de desenvolver formas graves da doença. A decisão foi muito comentada e trouxe debates em relação a sua eficácia no cenário brasileiro, mas oferece um entendimento que considera todo o contexto da doença a nível global, conforme explica a médica infectologista do Serviço de Controle e Infecções Hospitalares (SCIH) do Hospital Edmundo Vasconcelos, Paula Peçanha Pietrobom.

“Esse é um grupo da OMS que avalia a eficácia e o custo-efetividade das medidas de saúde pública considerando as evidências científicas e os contextos epidemiológicos ao redor do mundo e que fornece orientações tanto para países com acesso a mais recursos para estratégias de saúde pública quanto para aqueles que têm mais dificuldades. A OMS considerou um contexto em que os países precisam poupar recursos (não é custo efetivo bancar mais doses de reforço para toda a população) e em que a pandemia está muito mais controlada a nível mundial, com infecções mais leves e avanços em relação à vacinação”, explicou.

A decisão tomada pela OMS dividiu a população geral em três grupos. Entre o grupo de alta prioridade para vacinação estão idosos acima de 60 anos, adultos e crianças com comorbidades (por exemplo, diabetes e doenças cardíacas) e profissionais da saúde que atuem na linha de frente. Para esses grupos, há a necessidade de tomar uma dose de reforço adicional a cada seis ou 12 meses após a última dose. Já na média prioridade estão adultos entre 17 e 60 anos, crianças e adolescentes com o sistema imunológico enfraquecido, que devem tomar o esquema básico de três doses sem a necessidade de reforço. Por fim, o grupo de baixa prioridade inclui crianças e adolescentes saudáveis, para os quais doses primárias e de reforço são seguras e eficazes, porém podem ser orientadas de maneira diferente em cada país ou região, considerando o impacto local da doença e outras prioridades programáticas ou de saúde.

A médica infectologista destaca ainda que a recomendação da OMS diz respeito ao cenário atual e que pode ser mudada a qualquer momento. “Pode haver mudanças se surgir uma nova variante com letalidade maior ou se algum outro fator de risco acontecer. Considerando os baixos índices de mortalidade da COVID-19, o posicionamento da OMS parece o mais correto para o momento”, analisa ela.

Cenário brasileiro e cuidados necessários

Paula explica que o calendário de vacinação contra a covid-19 no Brasil prevê o fornecimento da dose de reforço para uma população até mais ampla do que a população de alto risco definida pela OMS. “Acredito que não seja o caso de mudar qualquer cronograma agora e o próprio governo não sinalizou que mudará. O Brasil é um país que possui um sistema de saúde pública voltado para a imunização muito robusto. Historicamente, conseguimos oferecer o que há de mais avançado em vacina para a população e a expectativa é que continue assim”, reforça.

A especialista ainda afirma que é preciso tomar cuidados para que não haja qualquer piora do cenário. “Em primeiro lugar é essencial que quem não tomou pelo menos três doses da vacina o faça o mais rápido possível. O que a OMS está fazendo não é desvalorizar a vacina ou dizer que ela não funciona, mas é reforçar que, no cenário atual, três doses podem ser suficientes para a população que não é de alto risco, nos locais onde outros reforços não estão disponíveis”, frisou.

A médica ainda lembra que também é essencial que as crianças com mais de seis meses e crianças e adolescentes saudáveis sejam vacinadas quando possível com as mesmas três doses dos adultos. Para ela, essa medida ainda é importante especialmente por conta do alto número de mortes de crianças pela covid-19, no último ano. Nesse período, houve uma média de uma morte por dia por covid-19 entre crianças de 6 meses e 5 anos entre 1º de janeiro e 11 de outubro de 2022. “A vacina não está disponível para os bebês com menos de seis meses, mas eles são considerados um grupo de risco. Por isso, forma de imunizá-los é através da vacinação das mães gestantes que também são um grupo de alto risco.”, destaca.

Por fim, a especialista ressalta que os pacientes de alto prioridade são classificados assim por conta do fato da vacina neles não ter eficácia tão grande. “Nesses grupos o organismo, por meio do sistema imune, pode não ter uma resposta vacinal tão boa. E é justamente nestes grupos que a COVID-19 ainda pode ser muito grave. Por isso, a necessidade de tomar as doses de reforço, sempre que disponível”, enaltece ela, ressaltando ainda que outras medidas de controle como a utilização de máscaras em locais fechados e ambientes de saúde, conforme as orientações do Ministério da Saúde, seguem sendo necessárias.

** Com informações da Assessoria

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