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Tudo que você precisa saber sobre o eclipse total que vem por aí

Este será o primeiro evento do tipo na América do Norte em sete anos; conheça dicas para ver eclipses em segurança

No dia oito de abril, a América do Norte terá seu segundo eclipse total do sol em sete anos. A lua passará diante do sol, projetando uma sombra sobre uma faixa da Terra abaixo. Ao longo desse percurso, o mundo vai ficar escuro como a noite.

Observadores do céu no México serão os primeiros no continente a testemunhar o eclipse. Em seguida, o espetáculo vai se deslocar para o norte, ingressando nos Estados Unidos pelo Texas e seguindo em direção ao Nordeste antes de chegar ao fim, para a maioria dos espectadores, na costa do Canadá.

Este será o primeiro eclipse total do sol visto na América do Norte em sete anos
Este será o primeiro eclipse total do sol visto na América do Norte em sete anos | JOE BUGLEWICZ/THE NEW YORK TIMES

Eclipses ocorrem por uma razão simples: a lua se posiciona entre nós e o sol. No entanto, eles também são fenômenos complexos. Por isso, se você esqueceu todos os fatos, dicas e instruções sobre eclipses desde 2017, estamos aqui para explicar.

Mas, antes de nos aprofundarmos no assunto, o mais importante de tudo é lembrar que nunca é seguro olhar diretamente para o sol durante um eclipse, exceto nos poucos instantes em que a lua cobre totalmente sua superfície. Em todos os outros momentos, observe o evento com equipamentos de proteção para os olhos. Continue lendo para descobrir como assistir a um eclipse com segurança.

O que é um eclipse total do sol?

Um eclipse solar total ocorre quando a lua se encontra entre a Terra e o sol, bloqueando nossa visão da superfície da estrela.

Em uma perspectiva cósmica, trata-se de um acontecimento bastante peculiar: a lua é aproximadamente 400 vezes menor que o sol, porém está cerca de 400 vezes mais próxima de nós, de modo que, quando esses dois corpos celestes se alinham, parecem ter o mesmo tamanho no céu.

O céu vai ficar totalmente escuro durante o eclipse?

O eclipse solar anular ocorre quando a lua está mais distante da Terra e parece ser pequena demais para bloquear completamente a superfície do sol. Como resultado, a parte externa do disco solar permanece visível, formando um “anel de fogo” no céu.

O eclipse parcial do sol acontece quando a Terra, a lua e o sol se alinham, mas de maneira incompleta. Nesse caso, a lua obscurece apenas uma parte do sol. Estão previstos dois desses eclipses em 2025.

Evento cósmico poderá ser visto apenas na América do Norte
Evento cósmico poderá ser visto apenas na América do Norte | THE NEW YORK TIMES

A Terra também pode se colocar entre a lua e o sol, provocando um eclipse lunar, fenômeno que pode ser observado uma ou duas vezes por ano.

O céu vai ficar totalmente escuro durante o eclipse?

Em cada ponto do trajeto do eclipse, o evento vai durar cerca de duas horas ou mais.

O fenômeno terá início com um eclipse parcial do sol, quando a lua começa a encobrir levemente a borda do sol e gradualmente avança sobre sua superfície. De acordo com a Nasa, essa fase pode levar de 70 a 80 minutos.

A fase do eclipse em que a lua bloqueia completamente a superfície do sol é chamada de totalidade. É o único momento em que o evento pode ser visto a olho nu.

A duração da totalidade varia de acordo com a localização. Em abril, algumas regiões vão vivenciar essa fase por mais de quatro minutos, enquanto outras, por apenas um ou dois.

É preciso proteger os olhos antes de encarar diretamente um eclipse
É preciso proteger os olhos antes de encarar diretamente um eclipse | JOE BUGLEWICZ/THE NEW YORK TIMES

Durante a fase da totalidade, o céu vai ficar escuro como a noite e a temperatura vai cair. Nesse momento, os fios brancos e sinuosos de luz provenientes da atmosfera externa do sol, conhecidos como coroa solar, ficarão subitamente visíveis. Os observadores mais sortudos vão conseguir até mesmo visualizar um fino círculo cor-de-rosa avermelhado ao redor da borda da lua. Trata-se da cromosfera, camada atmosférica abaixo da coroa solar, cuja tonalidade se deve à presença de hidrogênio.

Depois da fase da totalidade, o sol vai reaparecer lentamente por trás da lua, dando início a outro eclipse parcial que terá a mesma duração do primeiro. À medida que a lua vai se afastando, o sol gradualmente recupera seu brilho normal no céu.

Como assistir ao eclipse solar com segurança?

Em geral, evite olhar diretamente para o sol sem equipamentos especiais para proteger os olhos. As opções de baixo custo para assistir ao eclipse incluem óculos e visores solares de papel. Se você já possui equipamentos comprados para um eclipse solar anterior, é essencial inspecioná-los. Descarte qualquer componente que tenha arranhões ou outros sinais de danos.

Segundo a Nasa, não é seguro observar o sol através de qualquer dispositivo óptico se você estiver usando óculos ou visores de papel. Se planeja assistir ao eclipse através de câmeras, binóculos ou telescópios, é essencial adquirir um filtro solar especializado.

Durante o eclipse solar, só é recomendável observar a olho nu nos momentos de totalidade. Assim que a lua começar a descobrir a superfície do sol novamente, é importante voltar a usar equipamentos de proteção ocular para evitar possíveis lesões.

O que acontece se eu olhar para o eclipse sem proteção?

Em geral, mesmo breves exposições diretas ao sol podem resultar em danos permanentes aos olhos. Os efeitos podem variar desde visão embaçada ou distorcida até problemas mais sérios, como pontos cegos. Como a retina não possui receptores de dor, é impossível perceber imediatamente o dano enquanto ele está ocorrendo.

Durante um eclipse, a mesma precaução se aplica, exceto nos breves instantes de totalidade, quando a lua cobre completamente o sol. Fora desses momentos, é crucial usar proteção ocular adequada para observar o fenômeno com segurança.

E se eu não encontrar óculos próprios para ver o eclipse, o que devo fazer?

Caso não seja possível adquirir óculos ou visores a tempo, há sempre a opção de usar uma solução caseira: uma câmera improvisada que permite observar o eclipse de forma indireta. Com materiais simples como cartolina, uma caixa de papelão, uma peneira ou até mesmo os dedos, é possível criar uma câmera que projeta uma imagem do eclipse em uma superfície segura para observação, como o chão.

Quais são os melhores lugares para visualizar o eclipse?

O eclipse total será visível em uma extensa faixa que abrange grande parte do México, dos Estados Unidos e do leste do Canadá. Para ter a experiência mais impressionante do fenômeno, recomenda-se assistir ao eclipse ao longo da trajetória da totalidade, onde a lua vai ocultar completamente o sol.

Espectadores próximos a Mazatlán, cidade costeira do Pacífico no México, serão os primeiros a testemunhar a totalidade no continente da América do Norte. Diversas localidades ao longo da rota do eclipse no México vão desfrutar a mais longa duração da totalidade, em torno de quatro minutos e 29 segundos.

Cidades nos Estados Unidos, como Dallas, Indianápolis e Cleveland, destacam-se como possíveis locais privilegiados para o próximo eclipse. Entre os outros destinos notáveis estão Carbondale, no Illinois, que testemunhou a totalidade durante o eclipse solar de 2017; pequenas localidades a oeste de Austin, no Texas, que, conforme as projeções, terão um dos melhores climas do país ao longo do caminho do eclipse; e as Cataratas do Niágara, desde que o céu esteja limpo. Seis províncias do Canadá estão na rota da totalidade, mas muitas têm previsão de céu bastante nublado.

Quando começa e termina o eclipse?

O espetáculo começa ao amanhecer, milhares de quilômetros a sudoeste da costa do Pacífico, no México. A lua começa a encobrir o sol perto de Mazatlán às 9h51, horário local. Os espectadores próximos a Mazatlán vão ver a totalidade às 11h07, durante quatro minutos e 20 segundos.

Posteriormente, a sombra da lua passa pelo México, cruzando a fronteira com o Texas às 13h10, horário do leste dos EUA. A totalidade nos Estados Unidos tem início às 14h27 e termina às 15h33, horário do leste dos EUA.

Os canadenses vão presenciar o eclipse solar à tarde, com uma duração de quase três horas. O fenômeno termina além das fronteiras do Canadá, quando o sol se põe sobre o Oceano Atlântico.

Qual será a duração do eclipse?

A duração da fase da totalidade varia dependendo da posição geográfica de determinado local na Terra em relação à lua. Os lugares com a totalidade mais extensa se encontram mais próximos da lua e mais distantes do sol. Nessas regiões, a sombra lunar se move mais lentamente, resultando em uma totalidade prolongada.

É preciso torcer para o céu estar aberto para ver o evento de forma completa
É preciso torcer para o céu estar aberto para ver o evento de forma completa | CELIA TALBOT TOBIN/THE NEW YORK TIMES

Em abril, o intervalo mais longo da totalidade será sobre o estado mexicano de Durango, com duração total de quatro minutos e 29 segundos. Ao longo da linha central, o ponto de totalidade mais breve em terra está na costa leste de Newfoundland e Labrador, no Canadá, com aproximadamente dois minutos e 54 segundos. No entanto, a totalidade é ainda mais breve ao longo das bordas do caminho do eclipse total; em algumas áreas, dura menos de um minuto.

Qual é a velocidade do movimento do eclipse?

Os eclipses solares podem parecer ocorrer lentamente, mas a sombra da lua está, na verdade, percorrendo rapidamente a superfície da Terra. As velocidades exatas variam dependendo do local. De acordo com cálculos de eclipse, estima-se que a sombra se mova entre 2.510 e 2.574 km/h sobre o México e mais de 4.800 km/h ao sair dos Estados Unidos. Sobre o Oceano Atlântico, a velocidade do eclipse pode ultrapassar os 9.600 km/h.

Quando foi o último eclipse total do sol nos Estados Unidos?

Segundo a Sociedade Astronômica Americana, os eclipses totais do sol ocorrem aproximadamente uma vez por ano, mas apenas podem ser observados ao longo de uma estreita faixa da superfície terrestre. Muitos desses eventos acontecem sobre o oceano ou em áreas remotas de difícil acesso. Em um local específico, a fase de totalidade ocorrerá apenas uma vez a cada 400 anos.

Mas há algumas regiões privilegiadas: Carbondale, cidade universitária no sul do Illinois, testemunhou o eclipse solar total nos Estados Unidos em 21 de agosto de 2017 e terá outra oportunidade em abril deste ano. San Antonio também teve a sorte de presenciar um eclipse anular em outubro passado e está no caminho da totalidade para o eclipse deste ano.

Há eclipses solares em outros planetas?

Sim, qualquer planeta em nosso sistema solar que possua uma lua pode experimentar um eclipse solar. Em fevereiro, um rover em Marte capturou Phobos, uma das luas do planeta vermelho, passando diante do sol.

Entretanto, as luas de outros planetas podem parecer menores ou maiores que o sol no céu. A Terra é única por ter uma lua com o tamanho e a distância adequados para produzir os efeitos exclusivos da totalidade.

Como as coisas na Terra mudam durante o eclipse?

Conforme o eclipse se aproxima de seu auge, o ar esfria, o céu escurece e as sombras se tornam mais nítidas, revelando imagens de crescentes – pequenas projeções do eclipse – dentro delas. Ao longo do trajeto da totalidade, o mundo mergulha na escuridão à medida que a lua se alinha perfeitamente entre a Terra e o sol.

Os eclipses solares podem parecer ocorrer lentamente, mas a sombra da lua está, na verdade, percorrendo rapidamente a superfície da Terra
Os eclipses solares podem parecer ocorrer lentamente, mas a sombra da lua está, na verdade, percorrendo rapidamente a superfície da Terra | ANDREA MORALES/THE NEW YORK TIMES

Durante o eclipse solar, os animais também reagem. As abelhas param de zumbir, os pássaros cessam seu canto e os grilos começam a chilrear. Alguns animais de estimação podem mostrar sinais de confusão. Além disso, as plantas são afetadas, como os cientistas descobriram depois do eclipse solar de 2017. Elas exibem taxas reduzidas de fotossíntese e perda de água semelhantes, embora não tão pronunciadas, ao que ocorre durante a noite.

E se não for possível acessar o trajeto da totalidade?

Espectadores em locais distantes do trajeto do eclipse vão visualizar a lua bloqueando parcialmente o sol, embora a percepção dos efeitos dependa da distância do local em relação à linha central. (Quanto mais perto você estiver, mais marcante será a visão.) Ainda assim, não será exatamente como vivenciar o eclipse durante a totalidade.

Lembre-se de sempre usar equipamentos de proteção para os olhos ao observar um eclipse parcial.

Caso você não consiga chegar a um local onde a totalidade seja visível, mas ainda assim queira experimentá-la, várias organizações estão oferecendo transmissões ao vivo do eclipse, incluindo a Nasa e a Time and Date. O Exploratorium, museu em San Francisco, também apresentará uma sonificação do eclipse, além de uma transmissão em espanhol.

O que já aprendemos com os eclipses solares?

No século XIX, um astrônomo francês descobriu o elemento químico hélio enquanto analisava o espectro da luz solar durante um eclipse. Esses eventos também possibilitaram as primeiras observações científicas das ejeções de massa coronal, expulsões violentas de plasma da coroa solar, que podem causar quedas de energia e interrupções nas comunicações na Terra. Cientistas também confirmaram a teoria da relatividade geral de Einstein, que postula que objetos maciços dobram o tecido do espaço-tempo, durante um eclipse solar em 1919.

E ainda há muito a ser explorado. A Nasa planeja instalar, neste mês de abril, instrumentos em aviões para capturar imagens da coroa solar e lançar foguetes para investigar como a diminuição da luz solar durante um eclipse afeta a atmosfera terrestre. Além disso, um radiotelescópio na Califórnia tentará utilizar a lua como uma barreira para medir as emissões de manchas solares específicas.

O público também embarca na diversão. Durante o eclipse, uma equipe de operadores de rádio amador vai transmitir sinais em todo o país para estudar como os distúrbios solares podem afetar as comunicações. Algumas pessoas ao longo do caminho da totalidade vão registrar sons da vida selvagem. Outras vão usar o celular para tirar fotos do eclipse, contribuindo para mapear a forma do disco solar.

TECNOLOGIA E CIÊNCIA | por The New York Times | Katrina Miller

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